A recuperação da economia fluminense passará por um processo de consolidação em 2020, que levará a um crescimento de 2,1% do PIB, de acordo com as projeções da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). A retomada em curso é puxada pelo setor de Petróleo e Gás.
Essa indústria extrativa deverá se expandir 2,9%. Em seguida, o relatória aponta um crescimento de 1,8 % para a indústria de transformação, um resultado significativo, principalmente na comparação com a queda estimada em 0,9%, este ano.
Segundo Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan, tradicionalmente os setores públicos estimulavam a expansão das atividades no Rio, por meio de aumento dos gastos de governo ou de desoneração tributária. Desta vez, não há espaço no orçamento para essas medidas.
“Isso faz com que a recuperação seja mais consistente, o que é positivo, porém com um ritmo mais lento, porque a iniciativa privada precisa entender o direcionamento da economia para realizar, de fato, os investimentos planejados. Esse cenário é semelhante ao que a Europa viveu após a crise de 2008, que levou os países do continente para uma grave situação fiscal”, explica Goulart.
VEJA TAMBÉM:
Fórum apresenta soluções para melhorar a vida no Porto
Natal na Fábrica Bhering tem presentes exclusivos
Cruzeiros trazem cerca de 28 mil turistas esta semana
Ainda de acordo com o ele, os bens manufaturados devem enfrentar queda nas exportações para a América Latina, sobretudo para a Argentina. Por outro lado, há expectativas mais promissoras para a cadeia de Óleo e Gás e para a indústria de transformação que exporta para outros estados brasileiros.
Outro destaque envolve a Construção Civil, que em 2019 iniciou um processo de recuperação, que também se consolidará em 2020. Com isso, o segmento encerra o ciclo negativo que havia ocorrido de 2015 a 2018.
Porto Maravilha
Durante o 1º Fórum de Soluções para o Porto Maravilha, a retomada do mercado imobiliário foi o tema central no painel Empreendimentos residenciais e comerciais na Região Portuária. Na ocasião, o subsecretário estadual de Habitação, Fábio Quintino, defendeu que empresas de construção de imóveis de baixa renda sejam atraídas para investir no Porto Maravilha, principalmente na região da Praia Formosa.
Seriam imóveis na faixa de R$ 250 mil para competir com o mercado de aluguel, lembrando que, na Rocinha, a média de aluguel é de R$ 750, segundo estudo que a Secretaria de Habitação está concluindo. Ele sugeriu ainda transformar os prédios do Holiday Inn e do Porto Vida em prédios habitacionais mais baratos. “Isso é necessário para que as pessoas não só trabalhem, mas também morem aqui.”
Crescimento de 0,7%, no pior cenário
Como de praxe, a Firjan elaborou projeções também para diferentes panoramas político-econômicos. O cenário base de expansão de 2,1% do PIB pode chegar a 2,7%, na visão otimista, ou ficar em 0,7%, pela avaliação pessimista. O percentual mais baixo considera a possibilidade de ruídos na renegociação do Regime de Recuperação Fiscal, o que poderia impactar a capacidade de o Governo do Estado arcar com suas obrigações financeiras, abalando ainda a confiança dos agentes econômicos.
Outro ponto de atenção é a votação sobre as regras de distribuição dos royalties e participações especiais, que será julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo ano. A Firjan estima que os municípios fluminenses podem perder cerca de R$ 30 bilhões entre 2020 e 2023, caso o STF decida mudar as regras de divisão dos royalties. Nesse contexto, o Estado do Rio perderia R$ 25,7 bilhões em quatro anos. Significa uma perda anual de R$ 6,4 bilhões, o equivalente a todo o orçamento da saúde, por exemplo.