No próximo dia 31, às 14h, será realizada na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) uma audiência pública para discutir a concessão para a implantação da Ferrovia Vitória-Rio (EF-118), entre São João da Barra (RJ) e Anchieta (ES).Também deve ser debatida a extensão da ferrovia no trecho entre os municípios de Santa Leopoldina (ES) e Nova Iguaçu (RJ).
O engenheiro Wagner Victer, ex-secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo, é contra a modelagem que prevê iniciar a concessão apenas no trecho que liga o Estado do Espírito Santo ao Porto do Açu, no Rio de Janeiro. Para ele, isso significa colocar em risco o projeto de uma integração ferroviária dos municípios do Estado do Rio com o porto do Norte Fluminense, sem nenhum benefício para a economia estadual.
“Da forma como está sendo conduzida essa ferrovia, será um péssimo negócio para o Rio de Janeiro. Querem fazer só o trecho do Porto do Açu para o Espírito Santo, para transformá-lo em um porto capixaba, que só trará benefícios para a Vale. Ou seja, a ferrovia será um mero corredor de exportação de minério de ferro, só trazendo impacto ambiental, com geração irrisório de empregos (menos do que um supermercado) e não pagando impostos, por ser atividade de exportação isenta pela Lei Kandir”, afirma Victer.
Para ele, é necessário que a concessão seja integral desde o início, construindo ao mesmo tempo a ferrovia entre os municípios fluminenses até o Porto do Açu e, a partir daí, fazer a integração com a malha do Sudeste, mantendo a previsão de extensão de 575 quilômetros do projeto original. No lugar disso, há pressão para fazer apenas o trecho de 170 km entre o Espírito Santo e o porto, integrando essa ferrovia com a Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), por onde circula o minério exportado pela Vale.
Ferrovia será debatida também pelo Governo do Estado
Antes da reunião na Firjan, está prevista também uma reunião promovida pelo Governo do Estado, no Palácio Guanabara, às 10h. Para o encontro, foram convidados diretores da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a empresa que fez os estudos de viabilidade, a Firjan, a Fecomércio e a direção do Porto do Açu.
Wagner Victer, que também é autor do projeto do Porto do Açu, afirma que os debates em torno do projeto são muito importantes, para evitar que o mesmo se torne apenas um instrumento para beneficiar os negócios da Vale. “Se as autoridades voltadas ao desenvolvimento e as Prefeituras não se atentarem a isso, será um ” tiro no pé ” e um afastamento brutal dos objetivos conceituais da concepção do Porto do Açu”, afirma.