A periodicidade da Feira do Lavradio, uma das mais tradicionais da cidade, que passou a ser semanal na volta do recesso pandêmico, foi um dos principais temas em pauta no debate público promovido pela Câmara Municipal do Rio no Youtube na noite desta quinta-feira 5. A feira ficou suspensa durante seis meses em 2020 e retornou em outubro, semanalmente aos sábados, após reinvindicação dos empresários do Polo do Novo Rio Antigo à Prefeitura. A reunião, promovida pela vereadora Thaís Ferreira (PSOL), discutiu as demandas dos feirantes e expositores, que reivindicam uma regulação que dê mais segurança e previsibilidade às atividades.
Presidente da Associação dos Expositores da Feira da Rua do Lavradio, Isabella Justino defende a volta da feira ao seu formato mensal. Ela afirmou que 70% dos feirantes são a favor do retorno do evento aos moldes originais. “Com desculpa da pandemia, para não aglomerar, a feira se tornou semanal, o que acaba levando mais pessoas para as ruas.”, disse ela.
Segundo ela, a associação buscou ajuda com aSecretaria de Ordem Pública (Seop), que alegou não ter fiscais suficientes para evitar aglomerações e a participação de ambulantes não licenciados. “Sabemos a importância da feira e queremos diálogo. Não somos inimigos. A feira é boa para todos, mas nos seus moldes antigos, como acontece há quase 30 anos”, disse ela. Isabela também cobrou participação de expositores na curadoria da feira.
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Prefeitura analisará questão
Mário Lins e Silva, representante da Coordenadoria de Feiras da Secretaria Municipal de Fazenda, lembrou que em 2012, por decreto do então prefeito Eduardo Paes, a Lavradio se tornou uma feira de ambulantes, abrindo espaço para novos expositores. Sobre a polêmica em relação à periodicidade, disse que a feira em todos os sábados foi um pedido do Polo Novo Rio Antigo à Secretaria Municipal do Emprego, Renda e Inovação.
“Desconhecíamos esse posicionamento dos expositores. Mas levaremos a questão ao secretário para que possa ser repaginado o funcionamento da feira”, comentou.
Outro ponto também muito questionado durante o debate foi a grande presença de expositores que não trabalham com produtos de fabricação própria, mas com revenda, o que descaracteriza também o conceito da Feira, tradicionalmente formada por artesãos, artistas e antiquários. Diversos expositores que acompanharam o debate se manifestaram em defesa de mais rigor no controle da venda de produtos industrializados, alguns, inclusive, comprados na Saara e revendidos na feira.
Para vereadora Thais Ferreira, o assunto é de grande relevância e reflete angústias comuns entre expositores das diversas feiras na cidade. “A ausência de uma regulação objetiva da Prefeitura deixa as feiras à mercê de decretos e da boa vontade dos gestores. Com isso, têm sido comuns as mudanças repentinas, mal conversadas, e que muitas vezes acabam trazendo prejuízos aos expositores”. Ela lamentou que nenhum representante do Polo Novo Rio Antigo, responsável pela organização da feira, tenha comparecido ao debate, apesar do convite.