O edifício A Noite já está recebendo visitas de possíveis compradores, conforme agendamento com o Governo Federal. O processo de venda está aberto há um mês e deve ser feito pela modalidade da melhor oferta, em licitação pública. A recuperação desse prédio histórico, na praça Mauá, será simbólica para o Rio, apontando novos caminhos para a cidade.
Antes de iniciar o processo de venda, a Superintendência de Patrimônio da União (SPU), órgão vinculado ao Ministério da Economia, havia feito uma avaliação de valor mínimo para o edifício A Noite, em torno de R$ 90 milhões.
As visitas podem ser feitas duas vezes por semana, das 14h às 16h, nas terças e quintas-feiras. Os interessados no negócio devem solicitar o agendamento pelo e-mail alienação.spurj@planejamento.gov.br
A venda do edifício, segundo a SPU, obedece regras que contemplam as determinações de um estudo concluído pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Ali há exigências para a preservação das características arquitetônicas do A Noite, que é um bem tombado e é um dos ícones do Porto Maravilha, área da Região Portuária que passou por uma requalificação urbana nesta década.
Edifício A Noite e as radionovelas
Ao ser inaugurado em 1929, o edifício A Noite era o mais alto da América Latina, com 102 metros e 6 elevadores. Trata-se de uma das mais importantes construções em estilo Art Déco do país. O imóvel possui 28 mil m² e foi projetado pelo arquiteto Joseph Gire, o mesmo do Copacabana Palace. O nome oficial do prédio é o mesmo do seu arquiteto.
O edifício passou a ser conhecido popularmente por A Noite, ao ser sede desse jornal, ainda no final dos anos 20 do século passado. Por muito tempo, ele foi também a casa da Rádio Nacional, a rádio de maior audiência do país no período áureo desse meio de comunicação. Por seus estúdios se apresentaram estrelas como Franciso Alves, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Marlene e Cauby Peixoto. Ali foram ao ar as primeiras radionovelas, como “Em Busca da Felicidade” e “O Direito de Nascer”, ambas adaptadas de autores originais cubanos.
Desde 2012, o edifício A Noite sofre com o abandono e não é mais ocupado por órgãos do Governo Federal, seu proprietário. O esvaziamento causa problemas em seu entorno, para moradores e comerciantes. Há o temor de que a falta de manutenção adequada possa causar danos irreversíveis ao prédio, que é um dos símbolos da arquitetura carioca.
No mercado imobiliário, há apostas quanto ao futuro do prédio. A torcida maior é para que seja transformado em um empreendimento residencial de luxo, o que o tornaria uma âncora para novos lançamentos de moradias na região central da cidade.
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