A Autonomy Investimentos & Affiliates, que comprou o Moinho Fluminense em julho do ano passado, disse ao DIÁRIO DO PORTO que pretende lançar no imóvel um projeto com vários usos. Embora não tenha detalhado a ideia, um empreendimento multiuso permite pensar em áreas comerciais, formando um shopping, escritórios e hotel. Se houver área residencial, será uma novidade no portfólio dos investidores.
A empresa, com sede em São Paulo, não especificou uma data para o lançamento, porém afirmou que vem realizando a limpeza e manutenção das edificações protegidas, “de acordo com as diretrizes dos órgãos de preservação do patrimônio”. O Moinho completou 133 anos, neste 25 de agosto.
Uma das especialidades da Autonomy é justamente essa: adquirir prédios antigos para reformar. No Centro do Rio, a empresa já realizou projetos desse tipo, como o da Standard Oil e o Ouvidor 107, todos retrofitados. No Porto, a companhia é dona do edifício comercial Vista Guanabara, vizinho do Moinho, na Avenida Venezuela. Nesse caso, porém, a obra foi erguida do zero.
Em setembro do ano passado, a Prefeitura autorizou a demolição das áreas do Moinho que não estão protegidas por tombamento. Em outubro, as partes começaram a ser derrubadas. O imóvel possui 53 mil m² de área construída em um terreno de 27 mil m², ocupando 4 quarteirões do Porto Maravilha, entre a Rua Sacadura Cabral e a Avenida Venezuela.
Moinho: 133 anos de história

Inaugurado em 25 de agosto de 1887, o Moinho Fluminense foi a primeira fábrica de moagem de trigo do Brasil e tem seu nome marcado na história não só do Rio, mas do país. Seu alvará de funcionamento foi concedido pela princesa Isabel no século 19. O local ainda serviu, por exemplo, como refúgio de Rui Barbosa, então ministro da Fazenda, durante a Revolta da Armada de 1893, quando marinheiros se rebelaram contra o então presidente Floriano Peixoto.
Além disso, o Moinho também foi cenário importante durante a Revolta da Vacina, em 1904. O povo montou barricadas em frente ao local para fugir da vacina obrigatória instituída por Oswaldo Cruz, então diretor-geral de Saúde Pública.
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Dez anos depois, em 1914, a Bunge Brasil, multinacional de alimentos e agronegócios, assumiu o Moinho Fluminense, local de rara beleza arquitetônica e que teve seu tombamento decretado pela Prefeitura em 1987. Sua fachada, na Praça da Harmonia, foi reformada em 2011 e é considerada um exemplo clássico de uma bela arquitetura industrial inglesa.
Em 2014, a Bunge negociou a venda da área para a Carioca Engenharia e Vinci Partners, por aproximadamente R$ 180 milhões. O projeto previa um shopping, hotel, centro médico e salas comerciais, mas o negócio, que custaria até R$ 1 bilhão, não saiu do papel. A empresa funcionou no local até outubro de 2016, quando se transferiu para Duque de Caxias. O Moinho, então, ficou fechado até o meio de 2019, quando a Autonomy adquiriu o imóvel.