A instabilidade da economia internacional, causada pela disputa entre a Arábia Saudita e a Rússia em torno do petróleo e pelos efeitos do coronavírus na redução do comércio e do turismo, tiveram repercussão imediata no Brasil, afetando os negócios na Bolsa de Valores e a cotação do dólar. E em curto prazo vão afetar também as projeções de retomada do crescimento econômico do Estado do Rio.
No ano passado, a atividade econômica do Rio cresceu 1,5%, apresentando leve alta em relação a 2018 (1,2%) e ficando acima da variação do PIB do Brasil, 1,1%, em 2019. Porém o crescimento local foi fortemente puxado pelo setor extrativista, com 8,8%, que inclui a indústria do petróleo e gás.
As projeções de baixa nos preços do petróleo, em consequência do anúncio de aumento de produção da Arábia Saudita, derrubaram as ações da Petrobras, com perda de 30% de valor, na maior queda já registrada pela empresa. Ao longo do ano, os novos patamares de preços do petróleo devem impactar a atividade econômica do Rio, com reflexos na arrecadação e nas contas do Governo do Estado. Outra ameaça está nos reflexos da desaceleração do comércio mundial em consequência do coronavírus. No Rio e em outros Estados, já há falta de insumos chineses na indústria, o que deve afetar a produção e os preços de produtos.
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Segundo estudo recente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), 2020 é “crucial para o Estado do Rio, que precisa negociar com o Governo Federal a renovação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), em um cenário onde ainda não houve cumprimento de todas as contrapartidas necessárias para sua continuidade”.
O estudo alerta que “sem o suporte financeiro da União, o atendimento das obrigações básicas do Estado estará ameaçado“. Além disso, ocorrerá no STF a votação sobre as regras de distribuição dos royalties e participações especiais, que pode representar ainda mais perdas para arrecadação do Rio.
Fora os temores causados pela queda do petróleo e pela indefinição sobre uma duração mais longa dos efeitos do coronavírus, há também os riscos de origem caseira que podem prejudicar a atividade econômica geral do Brasil e, em particular, do Rio. Entre eles, a dificuldade na aprovação das reformas tributária e administrativa em um cenário de desalinhamento entre Governo Federal, Congresso Nacional e futuras eleições municipais.