
A rápida popularização das criptomoedas, ou moedas virtuais, tem chamado a atenção desde investidores até cidadãos que arriscam suas economias na tentativa de lucrar. O Bitcoin é uma das mais conhecidas criptomoedas e seu valor pode chegar a 27 mil reais num só dia. O preço é determinado pelas regras de mercado e quanto maior a procura, maior o valor.
Além de ser considerado um investimento de alto risco, alerta o Ministério da Justiça, esse tipo de aplicação não é regulado por autoridades financeiras e ainda pode favorecer a lavagem de dinheiro e uso como meio de pagamento de drogas e armas contrabandeadas.
Apesar de estar na mira do governo, o sistema descentralizado, usado comumente pelas criptomoedas, pode servir como uma ferramenta de proteção contra a evolução acelerada dos crimes cibernéticos.
É o que garante a Associação Nacional de Empresas Desenvolvedoras de Blockchain (Anedeb), que promove no dia 22 de agosto uma palestra com especialista internacional para falar sobre ‘Cyber Security & Blockchain’ no Palácio Itamaraty, no Centro do Rio. Rafael Narezzi também falará como o cibercrime deve evoluir nos próximos anos, paralelo ao blockchain.
“Esse é um tema extremante importante na atualidade em que estamos vivendo, na qual o cibercrime evolui de forma desenfreada. Quero mostrar como esse sistema descentralizado, conhecido como Blockchain, pode ajudar na segurança cibernética, obtendo métodos de autenticação sem a dependência de terceiros”, afirma Narezzi.
Ele é estrategista de defesa cibernética com mais de 20 anos de experiência. Mestre em computação forense, cibersegurança e contra-terrorismo pela Northumbria University do Reino Unido, Narezzi também é representante da Anedeb na União Europeia.
No último ano, ele participou de grandes eventos a respeito do tema em países como Inglaterra, Portugal, República Checa (Praga), Singapura, Alemanha (Berlim) e Estados Unidos, além do Brasil. Pela 4CyberSec, Narezzi trabalha especialmente com o setor financeiro, no qual a segurança dos dados é primordial, e atua como consultor sênior para uma organização multinacional de segurança de defesa.
O evento terá início às 14h, no Salão de Leituras da Biblioteca do Palácio Itamaraty, Avenida Marechal Floriano 196 – Centro. A entrada é exclusiva para convidados, mas interessados em assistir à palestra de Rafael Narezzi podem solicitar a participação pelo e-mail contato@anedeb.com.br.
Mais sobre as criptomoedas
As criptomoedas são, na verdade, arquivos digitais que só existem online e não há a possibilidade de rastreio, pois são produzidos de forma descentralizada por milhares de computadores. A transação econômica de moedas virtuais independe de intermediários, como bancos ou governos. Elas são feitas diretamente entre os negociadores por meio de códigos criptografados chamados ‘blockchain’.
A previsão de especialistas é que nos próximos anos as transações financeiras com esse tipo de moeda cresçam e, juntamente a elas, o risco de fraudes e de lavagem de dinheiro. Daí as autoridades de combate à corrupção colocaram as criptomoedas na mira: estão monitorando a negociação no Brasil para inibir lavagem de dinheiro e uso como meio de pagamento de drogas e armas contrabandeadas.
Combate à lavagem de dinheiro
Ainda de acordo com o Ministério da Justiça, para conhecer melhor esse meio de pagamento, a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla) elaborou diagnóstico sobre a atual conjuntura da utilização de criptomoedas. Um dos produtos desenvolvidos em 2017, a partir da ação da Enccla, foi o levantamento de tipologias de lavagem de dinheiro e corrupção mediante o uso de moedas virtuais e meios de pagamentos eletrônicos.
A ação de identificação de crimes com o uso de moedas virtuais tem continuidade neste ano e conta com a participação de diversos órgãos como a Receita Federal, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras e o Banco Central.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), integrante da Enccla emitiu ofício circular esclarecendo sobre a possibilidade de investimento em criptomoedas. A orientação dada pela instituição aos administradores e gestores de fundos de investimento é que as criptomoedas não podem ser qualificadas como ativos financeiros. Por essa razão, não é permitida aquisição direta dessas moedas virtuais pelos fundos de investimento regulados.
Poucas empresas aceitam essas moedas
Para comprar o Bitcoin o usuário deve instalar um software e seguir as instruções para criar as chaves criptografadas. Assim como o dinheiro físico fica na carteira, o Bitcoin também, só que em uma carteira digital. O dinheiro é transferido em troca da moeda virtual. As operações são anônimas e não podem ser desfeitas.
É possível realizar compras com o Bitcoin, mas a quantidade de empresas que aceitam esse meio de pagamento eletrônico ainda é pequena. Alguns países, como a Suíça e o Japão, já se mostram favoráveis ao uso da moeda. No Brasil esse meio de pagamento não é regulado. O mais comum é trocar Bitcoin por outras moedas em casas de câmbio.
Fonte: Ministério da Justiça e Anedeb, com Redação