A crise econômica que afeta o Rio há anos, agora agravada pela pandemia do novo coronavírus, criou uma situação incomum no mercado imobiliário da cidade. Em vários bairros, o valor da taxa de condomínio se tornou superior ao do aluguel.
Isso vem ocorrendo principalmente no Centro e na Barra da Tijuca. Uma pesquisa realizada pelo Secovi Rio (Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro) mostra que 18% das salas comerciais do Centro possuem taxa de condomínio mais cara do que o próprio aluguel. Na Avenida Rio Branco, esse número salta para 30%. Já na Barra da Tijuca, o índice é de 21%. Na Avenida das Américas, a porcentagem é de 18%.
Em alguns casos, inclusive, o aluguel sai sem custos para o comerciante. Maurício Eiras, coordenador estatístico do Secovi Rio, diz que há shopping na Barra com aluguel zero. “Você entra e paga só condomínio e IPTU”, disse ao DIARIO DO PORTO. Segundo ele, a lógica é não ficar no prejuízo. “Se eu não alugar, não recebo nada e ainda tenho que pagar IPTU e condomínio. Isto é, não ganho e só pago”.
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O fato vem ocorrendo pois, ao longo dos últimos anos, a taxa condominial só vem aumentando, enquanto o preço do aluguel está caindo. Mas como se explica isso? O vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider, esclareceu ao Diário do Porto que a crise tem participação importante no processo.
“O que baliza o preço das locações de aluguel é o mercado. É a lei da demanda e da procura. O mercado nos últimos cinco anos vem sofrendo muito, com uma oferta muito grande, muito imóvel, e uma procura reduzida, pelas questões de crise. Isso fez com que os preços dos aluguéis caíssem. E os condomínios são itens fixos, que vêm crescendo. Uma é a lei de mercado, que baliza, e a outra são itens fixos”.
Para modificar tal cenário, Schneider explica que é preciso pensar em um modelo diferente que faça a taxa condominial diminuir. “Seria necessário um modelo diferente para o condomínio, como otimizar mão de obra e contratos. Além disso, trabalhar também para não ter inadimplência. A inadimplência acaba rateando o custo e aumentando para os outros que pagam”.
Um estudo feito pelo Secovi Rio revelou que a porcentagem de inadimplência de aluguel sofreu um grande aumento no início da pandemia do novo coronavírus, em março e abril. No entanto, o índice já retornou a níveis “normais” em maio e junho, com 9,73% e 9,53%, respectivamente, menores que o mês de fevereiro, por exemplo, quando a pandemia ainda não havia atingido o Brasil (confira no gráfico abaixo).
