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Cidades-esponja: uma nova mentalidade

Autor de projeto de lei sobre modelo de cidades-esponja no planejamento urbano, deputado Andrezinho Ceciliano diz que “a hora de agir é agora”

6 de junho de 2024

Cidades precisam de reservatórios e políticas de mitigação (Deposit Photos)

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Andrezinho Ceciliano

A tragédia climática que assolou o Rio Grande do Sul serve como um alarme estridente: é urgente preparar nossas cidades para o novo normal, ou seja, os eventos climáticos extremos. Cada vez mais frequentes, a nova realidade exige respostas proativas e abrangentes por parte das autoridades e da sociedade como um todo.

Em fevereiro, cidades da Baixada Fluminense e Centro Sul passaram por uma experiência devastadora, com registro de oito mortos nas cidades de Nova Iguaçu, Japeri e Barra do Piraí. Na minha cidade, Paracambi, muita gente perdeu tudo o que tinha. Comerciantes amargaram prejuízos ainda não sanados. A BR 127 foi bloqueada. Nada parecido com o que vemos acontecer no Sul, de dimensões infinitamente maiores, mas não menos preocupante. 

Nesse contexto, é crucial lembrar a importância de iniciativas proativas, como o projeto de lei que apresentei sobre a necessidade de se adotar o modelo das cidades-esponja no planejamento urbano das nossas cidades. 

Águas pluviais

Inspirada em experiências que já estão sendo adotadas em diferentes lugares do mundo, sobretudo na China e nos Estados Unidos, as chamadas cidades-esponja estão sendo concebidas com um foco especial no gerenciamento das águas pluviais, utilizando uma combinação de infraestrutura verde e tecnologias inteligentes para absorver e drenar a água de forma eficiente. 

Ao promover a permeabilidade do solo e a criação de espaços verdes, as cidades-esponja não apenas reduzem o risco de inundações, mas também melhoram a qualidade de vida dos seus habitantes. Pode parecer uma realidade distante para bairros que ainda sequer contam com asfalto ou saneamento básico. O fato, porém, é que também as soluções do passado precisarão ser repensadas. 

Além da infraestrutura física, há de se pensar em políticas de planejamento urbano resilientes, sistemas de alerta precoce eficazes e um compromisso com a sustentabilidade ambiental em todas as esferas da vida urbana. Devemos investir em medidas de adaptação e mitigação, fortalecer a infraestrutura existente e capacitar as comunidades para enfrentar os desafios que estão por vir.

Resiliência e sobrevivência

Estive na Conferência da Juventude da ONU, em Nova Iorque, recentemente e vi que a crise climática é uma realidade planetária que, por isso, requer uma resposta global. A cooperação internacional e o intercâmbio de melhores práticas são essenciais para enfrentar esse desafio complexo e multifacetado. Nenhum país ou cidade está imune aos impactos das mudanças climáticas. Todos nós temos a responsabilidade compartilhada de agir com urgência e determinação.

A hora de agir é agora, e cada um de nós tem um papel a desempenhar nessa luta crucial pela resiliência e pela sobrevivência.

*Deputado estadual


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