A Prefeitura do Rio anunciou o projeto vencedor para o Centro Cultural Rio-África, espaço que será construído na região da Pequena África, próxima ao Cais do Valongo, no Porto Maravilha, para celebrar a herança africana na construção da sociedade brasileira. A proposta escolhida foi assinada pelo arquiteto Marcus Vinicius Damon Martins, do Estúdio Modulo de Arquitetura e Urbanismo, de São Paulo. O concurso foi destinado exclusivamente para arquitetos negros do Brasil e de países africanos de língua portuguesa.
O Cais do Valongo é um sítio arqueológico que preserva parte de um antigo porto que funcionou entre o final do século 18 e o início do 19, pelo qual desembarcaram no Brasil cerca de um milhão de pessoas escravizadas na África para trabalhos forçados no Brasil. O futuro Centro Cultural Rio-África vai reverenciar essa história e também mostrar a força cultural africana no presente do país.
Organizada pela Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar) e pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), a iniciativa avaliou 30 propostas homologadas entre as 36 inscritas e escolheu o projeto vencedor por meio de uma banca de jurados composta por arquitetos de várias cidades brasileiras e de Cabo Verde. A ação também contou com apoio da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial, órgão vinculado à Casa Civil da Prefeitura.
“A gente precisa contar a história do que aconteceu aqui. É o povo africano que construiu com seu esforço, suor e trabalho escravizado a nossa identidade, a nossa cultura, a nossa arquitetura. Que construiu essa civilização carioca, a civilização brasileira. É preciso ser antirracista. Para resgatar essa dívida histórica com o povo negro”, afirmou o prefeito reeleito Eduardo Paes.
Projeto vencedor para o Centro Cultural Rio-África Premiação
O Centro Cultural Rio-África será construído no número 153 da Avenida Venezuela, onde funcionou a maternidade Pró Matre. O prédio de três andares será dedicado à arte contemporânea afro-brasileira e à preservação da história da diáspora africana no Rio de Janeiro. O local conta com pátio arborizado e salas para exposições, debates e atividades educativas. O projeto de Marcus Vinicius Damon ressaltou o tema da ancestralidade africana por meio referências visuais e arquitetônicas.
“É uma arquitetura que tem um resultado como o Brasil, um pouco mestiço. Esse simbolismo acontece de formas sutis e às vezes muito explícitas, como as espadas de São Jorge na entrada do Centro Cultural e a fachada que remete às tramas africanas. A gente buscou relacionar as diversas Áfricas e esses diversos simbolismos estão presentes no edifício”, disse Marcus Damon.
O terreno onde será erguida a construção pertence à construtora Cury, responsável pela maioria dos empreendimentos residenciais na área do Porto Maravilha. A área foi cedida à Prefeitura como contrapartida pelo volume de unidades construídos pela Cury naquela região.
Premiação e previsão de inauguração
A cerimônia de premiação contou com a presença de figuras da luta antirracista e da cultura afro-brasileira, como a escritora Conceição Evaristo, a atriz e cantora Elisa Lucinda, e a diretora da Casa de Tia Ciata, Grace Moreira. Além disso, o evento teve a participação dos vereadores Tainá de Paula (PT) e Edson Santos (PT), o secretário da Casa Civil e vice-prefeito eleito, Eduardo Cavaliere, e o subprefeito do Centro, Alberto Szafran.
Ao todo, os três primeiros colocados vão receber R$ 105 mil, dos quais R$ 60 mil serão destinados ao primeiro lugar. A equipe vencedora será contratado para o desenvolvimento completo do projeto, com previsão de duração de aproximadamente dois anos e meio.