A Imperatriz Leopoldinense levará à Marquês de Sapucaí o enredo “Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”, que narra a trajetória de Oxalá em sua visita ao reino de Xangô. A escola, que é a atual vice-campeã, apresentará no Carnaval de 2025 a relação do orixá com os rituais de purificação e elementos da cultura afro-brasileira.
O enredo que está sob a responsabilidade do carnavalesco Leandro Vieira traz a história de Oxalá, orixá associado à criação e à sabedoria, e sua jornada até o reino de Xangô, marcada por desafios e aprendizados. O desfile destaca aspectos da cultura iorubá e a relação entre os orixás, além de apresentar elementos ligados aos rituais de purificação, como os banhos de folhas e águas.
Imperatriz Leopoldinense se prepara para o Carnaval de 2025
Após ser campeã na Série Ouro em 2020 com o enredo “Só dá Lalá”, a Imperatriz Leopoldinense retornou ao Grupo Especial e foi campeã no ano de 2023 com o enredo “O Aperreio do Cabra Que o Excomungado Tratou com Má-querença e o Santíssimo Não Deu Guarida”, que foi inspirado na literatura de cordel dos autores nordestinos.
Depois de quase 50 anos sem um enredo diretamente ligado à ancestralidade africana, a escola acredita que é o momento certo para levar a epopeia de Oxalá à Sapucaí. Em entrevista à Agência Brasil, André Bonatte, diretor de carnaval da Imperatriz Leopoldinense, destaca que ultilizar uma história de matriz africana é motivo de muito orgulho.
Samba-Enredo de 2025 da Imperatriz Leopoldinense
O enredo, que conta a história de Oxalá até o reino de Xangô, foi escrito por Me Leva, Thiago Meiners, Miguel da Imperatriz, Jorge Arthur, Daniel Paixão, Wilson Mineiro.
Confira a letra abaixo:
Vai começar o itã de Oxalá
Segue o cortejo funfun ao Senhor de Ifón, Babá
Vai começar o itã de Oxalá
Segue o cortejo funfun ao Senhor de Ifón, Babá
Orinxalá destina seu caminhar
Ao reino do quarto Alafin de Oyó
Alá, majestoso em branco marfim
Consulta o Ifá e assim
No Odú, o presságio cruel
Negando a palavra do babalaô
Soberano em seu trono, o senhor
Vê o doce se tornar o fel
Ofereça pra Exu, um ebó vai proteger
Penitência de Exu, não se deixa arrefecer
Ele rompe o silêncio com a sua gargalhada
É cancela fechada, é o fardo de dever
Ofereça pra Exu, um ebó vai proteger
Penitência de Exu, não se deixa arrefecer
Ele rompe o silêncio com a sua gargalhada
É cancela fechada, é o fardo de dever
Mas o dono do caminho não abranda
Foi vinho de palma, dendê e carvão
Sabão da costa pra lavar demanda
E a montaria o leva à prisão
O povo adoeceu, tristeza perdurou
Nos sete anos de solidão
Justiça maior é de meu Pai Xangô
Traz água fresca pra justiça verdadeira
Justiça maior é de meu Pai Xangô
Meu Pai Xangô mora no alto da pedreira
Preceito Nagô a purificar
Desata o nó que ninguém pode amarrar
Transborda axé no Ibá e na quartinha
Pra firmar, tem acaçá, ebô e ladainha
Oní sáà wúre, awúre, awúre
Quem governa esse terreiro ostenta seu adê
Ijexá ao pai de todos os oris
Rufam atabaques da Imperatriz
Oní sáà wúre, awúre, awúre
Quem governa esse terreiro ostenta seu adê
Ijexá ao pai de todos os oris
Rufam atabaques da Imperatriz