Caminhão elétrico, feito no RJ, é usado em protesto contra importados | Diário do Porto


Indústria

Caminhão elétrico, feito no RJ, é usado em protesto contra importados

Isenção de 35% em imposto beneficia importação de caminhão elétrico chinês, prejudicando fabricação em Resende

23 de novembro de 2023

Caminhão elétrico, fabricado em Resende, é usado em protesto no Congresso Nacional (foto: Divulgação)

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O deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ) colocou um caminhão elétrico em frente ao Congresso Nacional para protestar contra a isenção de impostos de importação para esse tipo de veículo. Esse benefício prejudicou a fábrica da Volkswagen Caminhões e Ônibus, que fica em Resende, no Estado do Rio, em uma concorrência realizada pela Ambev, fabricante de bebidas.

Após o protesto, o Governo Federal publicou portaria, em 24/11, estabelecendo alíquota de 20% para importação de caminhões, fato que o deputado Júlio Lopes comemorou como conquista da mobilização feita em frente ao Congresso.

Graças à isenção, quem venceu foi a JAC Motors, indústria estabelecida na China. Os chineses estão usando as brechas tributárias brasileiras para crescer nas vendas de veículos elétricos e a combustão no Brasil. A participação da China no mercado de carros importados do Brasil atingiu 13,6% de janeiro a agosto de 2023, com vendas de US$ 440 milhões. O valor já é maior do que todo o ano de 2022, quando os chineses somaram US$ 187 milhões em vendas ao Brasil (5,1% do total).

Segundo o deputado, o protesto teve como objetivo sensibilizar o Governo Federal para que haja isonomia entre a indústria nacional e os concorrentes estrangeiros. A isenção de 35% no imposto de importação torna os caminhões chineses mais competitivos do que os produzidos pela Volkswagen Caminhões e Ônibus em Resende, afetando empregos e arrecadação no Estado do Rio.

Caminhão elétrico chinês é beneficiado com isenção de impostos

“É inadmissível que os caminhões montados em Resende e que são referência de qualidade em todo o mundo sejam taxados, enquanto os concorrentes fabricados na China estão entrando no Brasil com essa isenção”, afirmou o deputado.

Na avaliação de Lopes, a isenção de imposto para caminhões importados está impedindo que a Volkswagen Caminhões e Ônibus aumente sua produção e realize o plano de contratar cerca de 500 novos trabalhadores em Resende.

Ao mesmo tempo, a Volkswagen Caminhões e Ônibus tem planos de começar a fabricar caminhões e ônibus na Argentina, a partir do próximo ano. A iniciativa é fruto de um acordo entre a empresa e o governo argentino feito em dezembro de 2022, não tendo relação com o novo presidente eleito daquele país.

Se Volkswagen Caminhões e Ônibus mantiver os planos, na Argentina passarão a ser feitos o caminhão Constellation e a família de ônibus Volksbus, produtos que atualmente são exportados para aquele país a partir de Resende. A nova linha de montagem argentina será em Córdoba, numa área de 15 mil metros quadrados.

Reportagem publicada originalmente em 23/11 e atualizada em 25/11


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