
Uma exposição fofa, como essas peças das fotos. É assim que muitas pessoas vão achar da mostra ‘Jorge Fonseca – Labirinto de amor’, aberta na Caixa Cultural Rio de Janeiro até 23 de dezembro de 2018 (terça-feira a domingo), a exposição.
As mais de 30 obras reunidas na mostra, produzidas entre 1998 e 2018, dão um novo significado a objetos do imaginário coletivo e apontam brechas de afeto em coisas simples do cotidiano.
Pertencentes a acervos de grandes instituições e colecionadores, elas contam um pouco da trajetória desse artista autodidata mineiro, que foi maquinista de trem e marceneiro por mais de 15 anos.
Costurar, pintar e bordar o amor. Enfeitar e dar graça a desilusões, tropeços, desavenças. É assim que Jorge Fonseca concebe sua obra.
“A mostra sugere a observação da nossa vida e da vida do outro de um jeito diferente. São obras que contam histórias, falam de percalços, sofrimentos, humores e alegrias tão familiares às pessoas”, explica o artista.
“É como o nome da exposição sugere: a vida nada mais é que um grande labirinto de situações inesperadas”, completa ele, em atividade desde o início dos anos 1990.
Em criações singulares que misturam artesania, arte conceitual, pop, kitsch, há uma forte atitude contemporânea, uma crítica contundente às relações humanas.
Fonseca dá outra leitura a materiais comuns, tecidos, miudezas de armarinho ou objetos simples que habitam o imaginário de muita gente. “É o que chamo de ‘obra desfrutável’. As pessoas se envolvem emocionalmente com as histórias contadas por cada peça”, diz a crítica de arte Fernanda Terra, curadora da exposição.
“Elas se reconhecem, recordam vivências ou lembram de alguém que viveu aquilo. É algo que fala do real, da vida como ela é, mas não de uma forma endurecida e sim cheia de afeto. É difícil observar uma das obras e não abrir um sorriso. E ao mesmo tempo é ácida, irônica, remete aos sentimentos mais íntimos”, ressalta Terra.
Jorge Fonseca nasceu em Conselheiro Lafaiete (MG), a 100 quilômetros da capital mineira. Era nos intervalos da jornada de trabalho, como maquinista, que ele aproveitava para dar vida às suas criações, no início dos anos 1990. “Isso ajuda a explicar a predominância do bordado na minha obra nessa fase. Eu passava longos períodos no trem, em demoradas viagens, quase não tinha tempo para exercer o ofício em casa. Levava para a cabine tecidos, linhas, agulhas, materiais de armarinho e bordava ali mesmo, durante as longas paradas do trem”, conta o artista.
Serviço:
Exposição Jorge Fonseca – Labirinto de amor
Caixa Cultural Rio de Janeiro
Galeria 2 (Avenida Almirante Barroso 25 – Centro – Metrô e VLT: Estação Carioca)
Até 23 de dezembro de 2018, de terça-feira a domingo, das 10h às 21h
Entrada franca – livre para todos os públicos – acesso para pessoas com deficiência
Informações: (21) 3980-3815