Blockchain é um termo muito utilizado atualmente, mas poucos entendem realmente do que se trata. Buscando explicar e mostrar casos reais de aplicação dessa tecnologia, inclusive na gestão pública, aconteceu na última segunda-feira, 9, no HUB RJ, o workshop Blockchain.Rio, com o tema: “Impactos e potenciais da aplicação na gestão pública”.
Organizado por várias entidades como o Hub RJ, Multiledgers e diferentes setores da Prefeitura do Rio como o LabGov.rio, Centro de Operações e o Fomenta Rio, o workshop trouxe o blockchain para mais próximo do público. Grande instrumento de inovação, a tecnologia é eficiente, rápida e segura, para áreas como finanças, saúde e educação.
A tecnologia blockchain surgiu com o bitcoin (criptomoeda), em 2008, para descentralizar os dados e aumentar a segurança. As bases de registros e os dados são compartilhados com todos os usuários e cada um possui uma chave criptografada para acesso dos dados distribuídos em diversas nuvens (multicloud). Esse tipo de tecnologia é considerada pela segurança da informação como quase à prova de falhas.
Um exemplo prático de uso do blockchain já ocorre em um cartório do Rio, onde transações para a compra de um imóvel têm o prazo reduzido de 30 dias para 20 minutos. Isso ocorre porque todo o processo é realizado em uma rede descentralizada de administradores, com registros de cada etapa, o que dá maior segurança.
A engenheira Marcela Gonçalves, diretora de desenvolvimento empresarial e sócia da Multiledgers, empresa de infraestrutura de rede em blockchain, explicou a tecnologia em sua palestra, destacando as possibilidades de uso. A especialista acredita que, em um futuro próximo, o mercado financeiro será muito renovado com a tecnologia blockchain: “Eu acho que ele vai ser muito utilizado para pagamentos porque possibilita uma solução mais barata, um número menor de intermediários. Com a visão de modelos de pagamentos são criadas redes organizacionais”.
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Quem já está vivendo o futuro é o Banco Mumbuca, da Prefeitura de Maricá, na região metropolitana do Rio. O uso do blockchain pelo banco foi explicado por João Bosco de Lima, da Money Cloud, empresa especializada em desenvolvimento de projetos financeiros, que presta serviços para a prefeitura.
A experiência em Maricá repete o sucesso alcançado em Fortaleza (CE) com o Banco Palmas, banco comunitário mais antigo do país, que utiliza uma moeda social eletrônica, especialmente voltada para o público de baixa renda e sem conta em bancos tradicionais. Dessa forma, a compra pode ser realizada por meio do celular ou de cartão e parte do valor, que antes era apropriada pelos agentes financeiros, é reinvestida na própria comunidade. Em Maricá, essa parte do valor reinvestida localmente chegou a R$ 70 milhões.
O projeto tem planos para ampliação. As cidades de Belo Horizonte (MG) e Niterói (RJ), terão um projeto piloto. Para a cidade do Rio de Janeiro também existe um projeto de implantação para os catadores de recicláveis.
Bruno Souza, sócio do Hub RJ, acredita que o seminário foi essencial para aumentar a compreensão sobre essa tecnologia. “Essa iniciativa dá oportunidade para as pessoas terem maior aproximação com essa novidade. Acho que o mais importante é trazer exemplos, iniciativas já validadas em outros lugares. Fico muito feliz que esteja sendo feito dessa maneira aqui no Hub RJ”, afirma Bruno.