Chico Silva
Ponto histórico mais importante do Rio de Janeiro e do Brasil, a Praça XV, palco do recente assassinato do jovem Lucas Ferreira Vianna, de 27 anos, morto por um assaltante que cortou seu pescoço com uma garrafa de vidro, não é policiada pelo Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas da PM (BPTUR). A razão disso? Falta de efetivo. A informação foi confirmada ao DIÁRIO DO PORTO pelo Comandante do BPTUR, Tenente Coronel Róbson Arouche Martins Cardeal. “Gostaria muito de policiar a Praça XV, um dos lugares históricos mais importantes do Rio de Janeiro. Mas no Centro infelizmente só tenho efetivo para fazer patrulhamento na Lapa e no Boulevard Olímpico”, disse o oficial em evento sobre o trade turístico do Estado realizado pela Associação Rio Vamos Vencer.
Segundo o Tenente Coronel, o Batalhão conta com um efetivo de 180 homens que se revezam em turnos. Com isso, só é possível policiar a orla da zona sul, os aeroportos Santos Dumont e Galeão, além da Lapa e Boulevard Olímpico. Ele conta que eventualmente ainda perde PMs para outras unidades da Polícia que pagam gratificações maiores, como as UPPs por exemplo. E são policiais com proficiência em ao menos uma língua estrangeira. De preferência o inglês.
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Praça XV foi berço do Brasil moderno
Lucas morreu no ponto onde a nação brasileira nasceu, um lugar que deveria ser iluminado e protegido como a joia mais valiosa de nosso turismo cultural. Ele foi atacado em frente à Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a Antiga Sé, a Capela Real onde João VI virou rei e na qual Pedro I e Leopoldina se casaram. É a Capela Imperial, que coroou os dois únicos imperadores na América do Sul e casou a Princesa Isabel com o Conde D´Eu. Foi catedral da capital durante o maior período da República.
Lucas perdeu a vida ao lado do Paço Imperial, onde Dom Pedro anunciou ao povo que não voltaria a Portugal, decidido a declarar a Independência, e onde a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Ali está o Palácio Tiradentes, a Cadeia Velha, onde o Herói da Inconfidência ficou três anos preso antes de ser enforcado, ex-sede da Assembleia Legislativa e futuro Museu da Democracia.
E apesar de toda essa bagagem histórica e turística, a Praça XV não é protegida pelo batalhão especializado nesse esquema de policiamento. Tudo porque turistas não vão para lá à noite, pois não há atrativos no lugar onde nasceu o Brasil que conhecemos hoje. Só há escuridão, abandono e insegurança após o encerramento da operação das Barcas e do VLT, que tem uma parada ali.
Em reportagem recente, o DIÁRIO DO PORTO mostrou que o programa Centro Presente não mantém aberta a base da operação durante os fins de noite e madrugadas, horário em que aconteceu o assassinato de Lucas. A unidade é fechada às 22h. Sem o Centro Presente, o policiamento nesse período naquela área fica sob responsabilidade do 5º Batalhão de Polícia Militar da Praça da Harmonia, o que não tem sido suficiente para impedir tragédias como o assassinato do jovem Lucas.