Até meados do último mês de dezembro, a Capitania dos Portos registrou 8 casos de derramamento de poluentes na Baía de Guanabara, 3 a mais do que em 2018.
O maior número de casos em 2019 ocorreu no mês de novembro, quando foram registrados 4 derramamentos de diesel e 1 de lubrificante. Os casos estão sendo investigados pela Marinha, que apura a origem e a quantidade total dos poluentes.
A maior suspeita recai sobre os navios fundeados na Baía. Isso está de acordo com relatos de pescadores e de especialistas, que apontam o grande fluxo de embarcações como uma ameaça ambiental.
Já o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) informa que foi acionado 21 vezes para ocorrências de vazamentos de óleo na Baía, no ano passado. Em todas as ocasiões, o órgão afirma que foram acionadas medidas de controle para evitar a propagação do material poluente no meio ambiente.
Segundo reportagem do jornal O Globo, publicada em 16/12, a Baía recebe por mês cerca de 250 navios de médio e grande porte. Entre janeiro e outubro do ano passado, 4.578 embarcações atracaram nos terminais do Porto do Rio.
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Além disso, dentro da Baía ou em seu entorno existem 28 estaleiros, 5 plataformas (3 em reparo e 2 fundeadas) e 15 áreas de fundeio. Outra fonte de preocupação é o abandono de embarcações. Atualmente, há 104 cascos abandonados na região.
O Movimento Baía Viva, liderado pelo ecologista Sérgio Ricardo, produziu um estudo que aponta que 44% da Baía são ocupados pela indústria do petróleo.
Segundo Sérgio Ricardo, o processo de reindustrialização impulsionado pelo pré-sal está transformando a Baía de Guanabara num estacionamento de navios, plataformas, oleodutos e rebocadores. “Os riscos de vazamentos aumentaram”, afirma Sérgio.
Em 2018, 60 mil litros de óleo vazaram de um duto, após uma tentativa de furto, de acordo com a Transpetro. Mesmo com essa justificativa, o Inea aplicou uma multa de R$ 7 milhões contra a empresa. O vazamento chegou ao Rio Estrela, que deságua na Baía de Guanabara, e afetou gravemente a área de mangue, entre Duque de Caxias e Magé, prejudicando a sobrevivência de pescadores artesanais e de catadores de caranguejo.