Os pescadores artesanais da Baía de Guanabara têm agora um aplicativo de celular para auxiliá-los a denunciar agressões ao meio ambiente. O novo recurso, fornecido pelo projeto De Olho na Guanabara, contabiliza atualmente, dia 25/8, 20 denúncias que vão desde despejos químicos por embarcações até a ocupação irregular das águas por carcaças de navios ou boias sinalizadoras. Para conhecer o aplicativo basta ir para https://www.deolhonaguanabara.com.br/#inicio
A Baía de Guanabara é o ambiente original da cidade do Rio de Janeiro, que desde sua fundação, no século 16, explora os seus recursos naturais. A expansão urbana ao longo dos séculos e no entorno da baía foi feita sem planejamento e sem infraestrutura para tratamento de esgotos. O crescimento do setor petrolífero, nos últimos 50 anos, piorou em muito a degradação ambiental.
Mesmo assim, quem entrar no aplicativo, poderá localizar aproximadamente 60 comunidades tradicionais que ainda subsistem da pesca artesanal na Baía de Guanabara. Segundo o projeto de Olho na Guanabara, o uso do aplicativo beneficia cerca de 12 mil pescadores, sendo pelo menos 3.400 mulheres.
Entre os casos denunciados no aplicativo, aparece o do navio petroleiro Monte Sarmiento, ancorado em área mais interna da Baía de Guanabara. Segundo o relato da denúncia no aplicativo, a embarcação está em área de passagem das barcas para a Ilha de Paquetá, realizando despejos de efluentes químicos e poluição do ar.
O De Olho na Guanabara é realizado pela Associação Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR), em parceria com a 350.org Brasil. A AHOMAR é uma organização que representa pescadores e comunidades pesqueiras da Baía de Guanabara. A 350.org Brasil é uma organização não-governamental que atua contra as mudanças climáticas causadas, principalmente, pelo avanço da indústria de petróleo e gás.
O aplicativo inicia o processo de denúncia, com foto e localização exata da ocorrência na Baía de Guanabara. A denúncia, após verificação da coordenadoria da Rede Ahomar, fica registrada no mapa e é encaminhada para os órgãos de fiscalização oficiais, como o Ibama, ICMbio, e para a Marinha do Brasil.
Segundo o projeto, os dados dos denunciantes são protegidos, não são publicados nem fornecidos os nomes dos pescadores que fizeram o registro original das infrações.