Depois de ter ameaçado deixar o Rio sem voos diretos para Campos e Macaé, a Azul Linhas Aéreas manteve as rotas, mas substituiu os aviões de 70 passageiros por monomotores que levam 9. Os aparelhos anteriores, turboélices, agora são usados em voos entre Campinas (SP) e as mesmas cidades do Norte Fluminense.
Procurada pelo DIÁRIO DO PORTO para explicar os motivos da troca dos modelos dos aviões e informar mais detalhes sobre horários e preços das rotas, a Azul não deu respostas. A empresa tinha, até o começo deste mês, o plano de extinguir as rotas diretas do Rio, estabelecendo Campinas como conexão obrigatória para os voos de ida ou volta de Campos e Macaé. As viagens diretas, a partir do aeroporto Santos Dumont, que duram de 50 minutos a 1 hora e 15 minutos, com a conexão em Viracopos, passam a no mínimo 4 horas.
A Azul só manteve as rotas diretas após pressões de vários setores empresariais e políticos do Estado do Rio. O próprio ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, fez questão de divulgar um vídeo comemorando a manutenção dos voos como uma conquista. Mas, ao que parece, ele não sabia que a empresa tinha cedido apenas em parte, com a redução drástica do tamanho dos aviões.
Segundo Delmo Pinho, assessor da presidência da Fecomércio RJ (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro), os voos operados anteriormente pela Azul com os aviões de 70 passageiros eram lucrativos e tinham 70% de ocupação média. As rotas para Campos e Macaé são essenciais para a economia do Rio, pois ligam a capital aos municípios produtores de petróleo, principal riqueza do Estado.
Azul quer redução do ICMS para combustível no Santos Dumont
Se os voos eram lucrativos, não fica claro o motivo da troca de modelo de aviões pela Azul e o fato de estar dificultando os voos que são tão importantes para a economia fluminense. A empresa chegou a manifestar o interesse de negociar com o Governo do Estado a redução do ICMS do combustível de aviação para voos operados no aeroporto Santos Dumont. Hoje, esse benefício só existe para rotas no aeroporto internacional do Rio, como forma de combater o esvaziamento do Galeão.
Os passageiros que voam nos aviões monomotores da Azul estão utilizando o Caravan, um produto clássico da fábrica Cessna. Feito nos EUA desde 1986, é um dos modelos mais vendidos pela empresa, com mais de 3.000 unidades fabricadas.
O aparelho não tem pressurização, o que faz o ruído interno ser intenso. Também não há separação entre os passageiros e o piloto. Os bancos não têm encosto para a cabeça e lembram os das antigas kombis.
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