Diário do Porto

Azul boicota cariocas e anuncia suspensão de voos

Azul no Santos Dumont

Mesmo com redução de ICMS do combustível, Azul cancela voos do Rio(foto: Azul / Divulgação)

A companhia Azul Linhas Aéreas anunciou o cancelamento de voos diretos do Rio de Janeiro para 7 cidades, entre elas Brasília, em reação contrária à limitação de voos no aeroporto Santos Dumont. Em vez de transferir seus voos para o Aeroporto Internacional Galeão Tom Jobim, como a Gol já anunciou que fará, a Azul Linhas Aéreas preferiu boicotar seus passageiros cariocas para pressionar o governo federal a desistir da política de fortalecer o Rio de Janeiro como hub de aviação internacional.

A chantagem da Azul Linhas Aéreas contra os cariocas acontece 13 dias depois que o prefeito de Guarulhos (SP), Guti Costa (PSD), chamou o Galeão de “vaca doente” e ameaçou ir à Justiça contra a redução de voos no Santos Dumont. Isso acontece porque o esvaziamento do Galeão, agravado no governo Jair Bolsonaro com a concentração de voos no Santos Dumont, fortalece os aeroportos internacionais de Guarulhos e de Confins, em Belo Horizonte.

Confins forte sem Pampulha

Em Minas Gerais, Confins se tornou um hub internacional de aviação depois que o governo mineiro tomou a decisão de limitar radicalmente os voos no aeroporto central de Belo Horizonte, Pampulha, que é estadual. No Rio, ao contrário, o inchaço do Santos Dumont, no Centro, que não oferece segurança para grandes aviões quando o tempo está ruim, esvaziou tanto o Aeroporto Internacional que a empresa Changi chegou a anunciar a desistência da concessão depois de investir quase R$ 3 bilhões para modernizá-lo.

​​Sem dar qualquer satisfação aos passageiros do Rio de Janeiro, Azul Linhas Aéreas decidiu cancelar voos para cidades próximas como Campos dos Goytacazes e Vitória, ambas a menos de 400 quilômetros do Rio, portanto, com voos ainda permitidos no Santos Dumont mesmo com as novas regras.  A partir de 1º de outubro, a empresa deixará de voar do Rio também para Brasília, Florianópolis (SC), Maceió (AL) e Porto Seguro (BA). A partir de 29 de outubro, para Goiânia (GO). Essas cinco cidades ficam a um raio superior a 400 quilômetros, novo limite para a operação do Santos Dumont a partir de janeiro de 2024. 

Santos Dumont superlotado

As reduções, na verdade, têm a ver com decisão anterior da Secretária de Aviação Civil (SAC) de limitar a capacidade do Santos Dumont a 10 milhões de passageiros ao ano. A limitação é defendida pela Prefeitura e pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, que, no entanto, ainda não adotaram ações concretas para melhorar o acesso e garantir segurança e a ordem urbana no Aeroporto Internacional. 

No ano passado, 10,178 milhões de passageiros passaram pelo Santos Dumont. Sem a limitação, o terminal poderia chegar a 12 milhões este ano, uma superlotação. Para garantir o limite de 10 milhões, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou uma redução no número de slots (espaços e horários definidos de pouso e decolagem) a que cada companhia terá direito no Santos Dumont. 

Na nova distribuição, a Azul ficou com uma participação de 24,96%; Gol, 39,84%, e Latam, 34,95%. Com isso, a partir de outubro, a Gol vai reduzir a oferta de bilhetes no Santos Dumont em 35,76%, a Azul em 22% e a Latam em 26,2%, segundo cálculos do jornal O GLOBO.

‘Clientes serão informados’, diz Azul

Diante da nova realidade, a GOL não enveredou pelo caminho da chantagem. Pelo contrário, a GOL anunciou um aumento de assentos em voos no Galeão em 38% em outubro e em 110% a partir de novembro. Já a Latam informou que “está ciente da publicação sobre as mudanças da aviação comercial no Rio de Janeiro e informa que as alterações em sua malha aérea serão comunicadas oportunamente pela companhia aos seus clientes”. No último dia 10, o presidente da companhia, Jerome Cadier, criticou as restrições ao Santos Dumont por destino, em entrevista à Globonews.

A Azul Linhas Aéreas informou apenas que, “devido às restrições de capacidade operacional impostas no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, se viu obrigada a fazer mudanças na operação de voos diretos na cidade”. Disse ainda que “os clientes com passagens adquiridas para as rotas suspensas estão sendo informados e receberão toda a assistência necessária, de acordo com a Resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), sendo reacomodados em outros voos da empresa ou terão o ressarcimento integral do valor pago pelo bilhete”.

“Por fim, a Azul destaca que como empresa competitiva e atenta ao mercado que é, está sempre em busca de oferecer a melhor experiência de viagem aérea no Brasil”, diz uma nota enviada pela companhia ao GLOBO. Para os cariocas, o que a “empresa competitiva e atenta ao mercado” oferece é o convite para que busquem a concorrência para viajar.

 


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