
O juiz federal Wilson Witzel assume hoje a missão, tão difícil como grandiosa, de comandar o Estado do Rio de Janeiro na maior crise de sua história. Com líderes da última década presos, investigados ou desmoralizados, o Rio enfrenta as maiores taxas de desemprego do País. E também as consequências de uma geração de gestores irresponsáveis, que gastaram o que não podiam nos tempos de bonança, inchando a máquina como se não houvesse amanhã e empurrando a conta, que nunca fecha, para muitas gerações.
A “batata quente”, entretanto, não impediu que Witzel abandonasse o conforto da toga para candidatar-se a governador por um partido pequeno, o PSC, com pouco tempo de propaganda na TV e com chances desprezíveis de vitória. A ousadia e a criatividade da campanha precisam acompanhá-lo a partir de terça-feira, 1º de janeiro, na condução das políticas públicas.
No segundo turno das eleições, WW e seu concorrente, o ex-prefeito Eduardo Paes, apresentaram ao DIÁRIO DO PORTO suas propostas para superar três imensos desafios para consolidar o Porto Maravilha e o Centro do Rio como polo turístico e gerador de empregos: a Segurança Pública, o desenvolvimento econômico e a despoluição da Baía de Guanabara.
Resgatamos as promessas de Witzel para você conhecer, guardar e, junto com o DIÁRIO, cobrar seu cumprimento. Entre as promessas feitas pelo novo governador que mais fogem ao lugar-comum estão uma Lava-Jato para investigar a lavagem de dinheiro do crime, um Distrito Policial do Porto, uma grande aliança com municípios e iniciativa privada para despoluir a Baía e o Rio Paraíba do Sul e a ajuda à prefeitura da capital a atrair moradores para o Porto.
Veja quais foram as promessas. Os grifos são do editor:
1. Desenvolvimento econômico
DIÁRIO DO PORTO: Empreendedores que investiram na região portuária por acreditar no projeto do Porto Maravilha passam por um momento difícil, com uma taxa recorde de vacância de imóveis. O que o governo do estado pode fazer para reverter a perspectiva pessimista e fomentar a ocupação da área por novos moradores e novos negócios?

Wilson Witzel: Primeiramente, temos que criar um ambiente que atraia o mercado para aquela região, e para o Rio como um todo, e isto perpassa em garantir a segurança, através de medidas que tomaremos como reforço policial e trabalho de investigação e de inteligência.
Vamos também ajudar a Prefeitura do Rio a mudar o foco da região, para atrairmos projetos habitacionais e, em conjunto, criar a infraestrutura de serviços públicos para fixar moradores na área, como escolas e UPA.
As reformas legislativas e administrativas para atração de investimentos também terão papel fundamental nesse processo e a contínua transferência de sedes de secretarias estaduais para a região não está descartada.
2. Segurança Pública
DIÁRIO: A violência é um dos entraves à ocupação da região central da cidade, especialmente a Zona Portuária. Quem mais sofre são os moradores das favelas, como a da Providência, em função dos tiroteios. Como melhorar a segurança na área?

WW: Vamos criar o Distrito Policial do Porto, com comando integrado e alternado entre a Polícia Militar e a Polícia Civil, aproximando as instituições para maior uniformidade, integração operacional e colaboração entre todos.
Estenderemos o programa Segurança Presente para o Porto e criaremos a Universidade da Polícia, para formação e aperfeiçoamento entre todos os operadores da segurança pública.
Vamos criar a operação Lava-Jato do Estado do Rio: trabalho conjunto de cooperação entre Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal, para impedir a entrada de drogas e armas ilegais no estado e investigar a lavagem de dinheiro do narcotráfico.
Daremos aos policiais civis garantias e investimentos para aprofundar a capacidade de investigação e garantir aos policiais militares o respaldo jurídico para combater a criminalidade e, se for necessário, com uso de força letal. Entre outras medidas, vamos incorporar a guarda municipal no esforço de segurança.
3. Despoluição da Baía de Guanabara
DIÁRIO: A poluição da Baía de Guanabara segue como um dos maiores desperdícios de potencial turístico e econômico do mundo, além do dinheiro investido em projetos fracassados de despoluição. Se eleito, o que o sr. fará para aumentar o saneamento da Região Metropolitana e reduzir o despejo de esgoto nos rios que desembocam na Baía?

WW: Vamos apresentar um plano de despoluição do rio Paraíba do Sul e da Baía de Guanabara, incluindo a atração de investimentos no setor de saneamento com a abertura do mercado para competidores da Cedae. Também vamos revitalizar a Cedae para retomada de investimentos estatais.
Além disso, investiremos em projetos para exploração econômica dos recursos naturais que não agridam o meio-ambiente. Iremos premiar economicamente a compensação ambiental praticada pelo setor privado e incentivar a substituição das tecnologias poluentes, através da abertura de crédito de fácil acesso.
Nosso objetivo é priorizar as soluções do tratamento dos resíduos sólidos para geração de energia, por meio de usinas específicas a serem construídas e geridas de maneira privada ou por PPPs.
Vamos reformar o processo ambiental administrativo para que se tenha a análise e as licenças ambientais emitidas em até 45 dias como meta ideal, garantindo agilidade e clareza. Também iremos reativar e atualizar os dados de Atividades Potencialmente Poluidoras e gerar consórcios entre municípios limítrofes, para construção de aterros sanitários, acabando com lixões clandestinos, entre outras medidas.
Quem é Wilson Witzel
Paulista de Jundiaí, aos 19 chegou ao Rio de Janeiro, onde se tornou fuzileiro naval e defensor público. Fez mestrado em Processo Civil e doutorado em Ciência Política, deu aula de Direito Penal Econômico por 20 anos, passando pela FGV e pela UFRJ. Virou juiz em 2001, atuou no combate ao crime organizado e foi presidente da Associação dos Juízes Federais do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Abandonou a carreira este ano para candidatar-se ao governo do Rio, tendo como bandeira principal a Segurança Pública.
Bom trabalho, governador WW!
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