ARTIGO
Wagner Victer
engenheiro, administrador, jornalista, morador da Ilha do Governador e ex-presidente da Cedae
Um dos fenômenos que pode ser observado com as chuvas torrenciais, como as desse final de semana, é a chegada de um número muito grande de gigogas e lixo flutuante nas praias de fundo da Baía de Guanabara. Como as que existem na Ilha do Governador.
Uma série de rios, que saem da Baixada Fluminense e da própria Zona Norte do Rio de Janeiro, desaguam diretamente na Baía de Guanabara, não possuem barreiras flutuantes para contenção de resíduos pós-chuvas.
Também não há a consequente coleta, acarretando o acúmulo de uma quantidade brutal de sujeira e gigogas nessas praias da Baía, que ainda sofrem com a falta de limpeza por concessionárias como a Comlurb.
Na Ilha do Governador, em especial na orla que vai desde a região de Tubiacanga, passando por Parque Royal, Corredor Esportivo (praia do Dendê) e indo até à Praia da Rosa/Sapucaia e Bancários, o fenômeno fica muito visível. E, infelizmente, não há reação do Poder Público, o que faz com que o problema perdure sem solução.
Baía de Guanabara: fundamental a coleta do lixo flutuante
É fundamental a retomada dos barcos de coleta na Baía de Guanabara, colocação de barreiras flutuantes para retenção de resíduos na saída desses rios e a rápida retirada do material retido.
Para o material que escape dessas barreiras, como plásticos que não consigam ser contidos, é muito importante o trabalho das concessionárias de limpeza urbana dos municípios do entorno da Baía, para evitar que o lixo permaneça nas praias.
E vale lembrar que se trata de uma grande oportunidade para reciclagem, especialmente dos plásticos, como garrafas pet e embalagens de cosméticos, que podem trazer retorno comercial à atividade de coleta.
O principal fator de poluição hoje na Baía de Guanabara já não é mais o esgoto lançado, que apesar de ainda existir em grande quantidade, está sendo enfrentado pela colocação e operação de Estações de Tratamento de Esgoto.
Atualmente, o lixo flutuante é o problema mais impactante da nossa Baía de Guanabara.
Não dá, portanto, para continuar assistindo a essa situação sem uma ação concreta, que deve ser não só preventiva, mas também corretiva nos seus impactos.
E essa coordenação de política pública cabe, principalmente, aos poderes públicos municipais, em especial à Prefeitura do Rio de Janeiro.