O bilionário americano Sheldon Adelson, que morreu na semana passada, aos 87 anos, começou a fazer cassinos pelo mundo aos 65. Em maio de 2018, quando esteve pela última vez no Rio, ele pediu ao empreendedor Marcelo Conde que transmitisse sua mensagem aos políticos fluminenses. “Eu não sou mais jovem, estou entre avô e bisavô. Mas não sou só eu. A ‘garota de Ipanema’ e todos os que foram seduzidos por essa música e por aquele tempo também envelheceram. O Rio tem que correr.”
As frases, segundo Conde, foram ditas por Sheldon Adelson ao explicar que “todo empreendedor sabe a importância da rapidez das decisões”. O bilionário esteve várias vezes no Rio, desde o início dos anos 1990, para estudar a implantação de um resort integrado, reunindo cassinos e hotéis.
As áreas mais cotadas eram o Porto Maravilha e a Barra da Tijuca. O jogo, no entanto, é proibido no país desde 1946. A liberação está em estudo no Congresso, com forte oposição dos parlamentares eleitos com o discurso religioso.
Sheldon Adelson era um “criador de riquezas”
“Espero que o exemplo e o esforço dele para construir um resort integrado no Rio não tenham sido em vão e que inspirem legisladores e políticos. Sheldon era um criador de riquezas. Todos os lugares nos quais ele investiu se transformaram em grandes centros turísticos e geradores de emprego”, declarou Marcelo Conde, filho do ex-prefeito Luiz Paulo Conde e um dos players do mercado imobiliário do Rio e de São Paulo.
A empresa de Conde, a STX, chegou a fazer para Sheldon um esboço para ilustrar a ideia do bilionário de construir um resort integrado, com hotéis e cassinos, em plena Baía de Guanabara, na região do Porto Maravilha.

Sheldon havia se afastado recentemente da presidência do hotel Sands em Las Vegas para o tratamento de um linfoma não Hodgkin, mas não resistiu. Era muito ligado ao Partido Republicano, ao presidente Donald Trump e a setores da direita em Israel.
De vendedor de jornais a dono de Boeings
Ele nasceu em Boston, filho de pais imigrantes da Lituânia. Na juventude, foi vendedor de jornais, mas ganhou o primeiro milhão de dólares criando a Comdex, uma das maiores feiras de computadores nos anos 1970. Com o dinheiro, comprou o cassino Venetian, em Las Vegas.

O império de cassinos e resorts chegou a Macau e Singapura, e ele passou a viajar pelo mundo usando sua frota de Boeings 747. Sua atuação foi fundamental para fazer com que Singapura se tornasse um dos maiores centros mundiais de turismo. No local, Sheldon Adelson construiu o Marina Bay Sands, o conjunto de torres com uma das maiores piscinas de borda infinita do mundo.
O patrimônio de Sheldon Adelson, durante muitos anos um dos maiores doadores das campanhas do Partido Republicano (inclusive de Trump), foi avaliado pela revista Forbes em US$ 35 bilhões. O Centro para Política Responsável, que rastreia contribuições de campanha, estima em US$ 220 milhões as doações para os republicanos nas eleições do ano passado.