Wagner Victer
É muito positiva a notícia de que o governador Cláudio Castro irá levar uma pauta para o presidente eleito Lula. Ela versa sobre a retomada de importantes obras de infraestrutura para o desenvolvimento do Rio de Janeiro, com grande potencial de melhorar nossa economia e gerar empregos.
A retomada do projeto da Usina Nuclear de Angra 3 é fundamental. Há uma previsão no Plano de Desenvolvimento Energético (PDE) 2031, publicado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), de uma nova usina nuclear no Brasil para os próximos 10 anos. A lógica indica sua localização no Rio de Janeiro, com a retomada de Angra 3, uma grande contribuição para esse processo.
Da mesma maneira, a duplicação da BR 040, para a Região Serrana, é estratégica. Apesar de esta ter sido uma condição para a concessão da estrada, uma obrigação contratual, a concessionária tem procrastinado seu cumprimento. A paralisação do projeto impõe prejuízos irrecuperáveis à economia fluminense, especialmente a do turismo.
Quanto à ferrovia para o Porto do Açu, F118, seria prudente tomarmos cuidado, pois o atual governo federal, dentro da conhecida estratégia de não beneficiar o Rio de Janeiro, propunha implantar apenas o trecho do Porto do Açu ao Espírito Santo. Excluíam a conexão, prevista originalmente, com a malha interna do Rio de Janeiro até Itaguaí, importante para potencializar o Porto do Açu como sendo um Porto Fluminense.
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A construção de apenas um ramal para o Espírito Santo tornará o Açu, na prática, um porto capixaba de exportação de minério. Atenderia basicamente a Vale do Rio Doce, o que não é nada eficaz para a economia fluminense. Muito pelo contrário! O tema tem sido veiculado pela mídia de maneira simplória e distorcida, omitindo-se que a versão atual se afasta do projeto original. O Açu deve contribuir para o desenvolvimento do Rio de Janeiro, em especial do Norte Fluminense, e não um mero corredor de exportação de commodities de outros estados.
A pauta de Cláudio Castro com Lula inclui a busca de uma solução para o imbróglio Galeão/Santos Dumont. Bem mais importante do que decidir se o Santos Dumont será concedido à iniciativa privada ou seguirá com a Infraero é a retomada imediata de sua vocação original para voos internos no Estado, para a aviação executiva e para a Ponte Aérea Rio-São Paulo. O movimento deve ser limitado a 5 ou 6 milhões de passageiros por ano. Importante, finalmente, é interromper as ações do atual governo federal para beneficiar outros estados às custas do enfraquecimento do nosso Aeroporto Internacional, que tem a melhor pista do país.
Há outros temas importantes para a conversa do governador com o presidente eleito, como a finalização da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) para o Gasoduto Rota 3, que chega em Itaboraí. Tambem é preciso definir a entrada do gás do Campo de Bacalhau pela Rota 4b, que o escoará por Itaguaí; retomar o antigo Comperj, com 80% das obras físicas já concluídas; e abrir caminho para os investimentos no Complexo de saúde a partir da Fiocruz. Tampouco pode ficar fora da conversa a retomada da indústria de construção naval offshore no Rio de Janeiro. São temas cruciais para o desenvolvimento do Rio de Janeiro que dependem do apoio do governo federal, ausente nos últimos quatro anos.