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BNDES apoiar frota com Embraer traz desenvolvimento

Plano do BNDES é positivo, diz em artigo o empresário Marcelo Conde, e deveria ser aplicado para ao menos cem aviões em curto prazo

24 de julho de 2024

BNDES está criando linha de financiamento para empresas aéreas nacionais comprarem aviões da Embraer (foto: Embraer / Divulgação)

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Artigo BNDES / Embraer

Marcelo Conde*

Há pouco mais de um ano, escrevi um artigo alertando sobre a necessidade de uma política para o setor aéreo, vital para nosso país, que sofre com a rede precária de rodovias, com a inexistência de rede ferroviária e que tem no transporte aéreo um dos principais modais.

Diante do elevado endividamento de Azul, Gol e Latam, torna-se mais complexo ampliar a frota, a oferta de voos e de assentos.

Cria-se, então, um círculo vicioso difícil de equacionar: poucos aviões, poucos voos, poucos passageiros, maiores custos nas passagens e aeroportos subutilizados.

Um movimento inicial de ordenamento foi feito pelo governo no ano passado, com a extensão do prazo e o reequilíbrio das concessões dos aeroportos, também reordenando os equipamentos da cidade do Rio de Janeiro, fortalecendo o RIOgaleão.

Agora, o BNDES está criando linhas de financiamento para a aquisição de aviões fabricados pela Embraer, empresa brasileira — criada há 55 anos como estatal e hoje privada — que é orgulho e unanimidade nacional.

A empresa já produziu 8 mil aviões e hoje é uma importante fabricante de jatos comerciais da Série E, com versões de 90 a 144 passageiros, com mais de 1.800 jatos entregues, operando em 60 países e em mais de 90 companhias aéreas.

Esses aviões, fortes itens de exportação brasileira, só correspondem a 12% da frota de jatos comerciais no Brasil.

BNDES devia ampliar medida para aumento de 20% na frota nacional

A medida anunciada pelo BNDES é oportuna, mas deve ter escala, agilidade e visar ao financiamento de pelo menos cem aeronaves em curto prazo, impulsionando um aumento de 20% na frota atual brasileira.

Assim, chegaríamos próximos aos números da frota em 2012, quando tínhamos 500 jatos. Uma ampliação das linhas de produção da Embraer também será necessária, o que beneficiará a criação de empregos e renda num setor de elevada capacitação.

Quanto aos aeroportos, temos uma excelente malha, mais de 2.700 de todo tipo, ocupando o segundo lugar no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Temos dezenas de cidades importantes economicamente, e muitas turísticas, que estão desassistidas, e o resultado é o turismo atrofiado por absoluta falta de transporte aéreo adequado.

Ao estimular esse mercado, levaremos emprego e renda para muitas localidades. Teremos também ganho com o aumento da carga aérea nos porões dos aviões, dinamizando o escoamento de mercadorias e de produtos manufaturados para o mercado interno e externo.

Temos de recordar que o desmantelamento de Varig, Transbrasil, Vasp e, mais recentemente, Avianca resultou na perda de pilotos, de aviões, de logística e da capacidade de mobilização rápida do setor. Portanto é vital preservar Latam, Azul e Gol.

Temos agora a reforma tributária, em que o setor aéreo, pela importância e complexidade, necessita de um estímulo por meio de menor taxação, inclusive para o querosene de aviação.

É fundamental acreditar na nossa capacidade e ver que os recursos já estão aqui.

Contamos com uma rede ampla de aeroportos e com a Embraer, mostrando ao mundo que sabemos fazer excelentes aviões.

Precisamos de uma frota bem maior para que possamos dobrar o número de passageiros nos próximos cinco anos, fazendo com que, em vez de 90 milhões, tenhamos 215 milhões, relação de 1 voo anual per capita, no lugar do baixíssimo 0,4 voo per capita por ano.

As medidas para fortalecimento do setor como essa — permitindo maior oferta de voos e mais destinos atendidos — são condição básica para a implementação do plano robusto de desenvolvimento do turismo de que o Brasil tanto necessita.

E com imenso potencial para triplicar o número de turistas que recebemos anualmente (6 milhões), criando emprego e renda para milhões de brasileiros.

*Marcelo Conde é empresário

Artigo publicado originalmente em O Globo


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