O prefeito do Rio, Eduardo Paes, mantém os planos para realizar no próximo dia 31 o leilão em que pretende vender um terreno no Gasômetro, no Porto Maravilha, para a futura construção de um estádio de futebol, com capacidade de 80 mil pessoas. Caso o projeto seja concretizado, a nova arena será a maior do Brasil, superando o Maracanã, que comporta 78 mil pessoas. Os dois estádios estarão a uma distância de cerca de dez minutos.
Para conseguir fazer o leilão, Paes, que é candidato à reeleição, tem realizado reuniões com a Caixa Econômica Federal, que é a dona do terreno desapropriado pela Prefeitura. A Caixa inicialmente avaliava que o terreno valeria em torno de R$ 400 milhões, depois houve notícias de que seriam R$ 250 milhões. Valores muito superiores aos R$ 138,5 milhões pelos quais a Prefeitura vai fazer a oferta no leilão, que, por enquanto, só tem um concorrente, o Flamengo.
O futuro estádio, privado, fará concorrência direta ao Maracanã, onde foi gasto pelo menos R$ 1,2 bilhão de dinheiro público para sua reforma. A viabilidade da manutenção do Maracanã depende diretamente de seu uso contínuo, conforme atestam os estudos que embasaram a recente concorrência para escolha do consórcio que vai administrar sua concessão pelos próximos 20 anos. O consórcio é composto pelo Flamengo e pelo Fluminense.
Uma das críticas recorrentes à instalação de mais um estádio numa mesma região da cidade é o fato de o Gasômetro estar ao lado da avenida Francisco Bicalho, pela qual trafegam no mínimo 300 mil pessoas por dia, sendo uma das principais vias de acesso ao Centro. Para tentar dar conta dos futuros problemas de congestionamentos, o edital do leilão exige um plano de mobilidade urbana dos futuros proprietários. Mas é evidente que será a própria Prefeitura quem terá que resolver os problemas de trânsito que serão causados pelo empreendimento.
Maracanã não teve projeto original concluído
Além do prejuízo com o valor baixo estimado pelo terreno, a Caixa Econômica Federal teme que o novo estádio acabe por desvalorizar as demais áreas que ela tem no entorno. Isso será a repetição do que já acontece no próprio Maracanã ou no Engenhão, também um estádio público, administrado pelo Botafogo.
Novamente, o edital do leilão tenta evitar esse problema ao prever que o futuro empreendimento do Gasômetro tenha conexões com áreas residenciais e comerciais, com lojas, museu, restaurantes, bares e serviços. Algo semelhante ao projeto original da reforma do Maracanã, que nunca saiu do papel.