Uma das mais importantes galerias de arte contemporânea brasileiras, A Gentil Carioca, na Saara, chega aos 20 anos de idade com um presentão para a cidade: a grande exposição coletiva Forrobodó. Com curadoria de Ulisses Carrilho, a mostra ocupa os dois casarões dos anos 1920 da galeria com obras de 60 artistas. Entre eles estão Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Lenora de Barros e Denilson Baniwa.
A Gentil Carioca é considerada a primeira galeria brasileira fundada por artistas plásticos: Márcio Botner, Ernesto Neto e Laura Lima. Elsa Ravazzolo Botner também tornou-se sócia. A exposição Forrobodó é uma celebração histórica, com performances de artistas como Vivian Caccuri, Novíssimo Edgar e Cabelo, além da obra do artista Yhuri Cruz, na “Parede Gentil”.
O bolo será obra dos artistas Edimilson Nunes e Marcos Cardoso, que adiantam: “Os desfiles carnavalescos no Brasil e suas configurações locais da América Latina têm como origem as procissões. Esta performance do bolo é uma espécie de procissão onde o sagrado é alimento para o corpo. Ação familiar e fraternal em que a alegria é alegoria de um feliz aniversário.”
Helio Oiticica presente
A exposição vai de 9 de setembro a 21 de outubro, com pintura, fotografia, escultura, instalação, vídeo e videoinstalação. Há obras icônicas e inéditas, produzidas desde 1967 – como o “B47 Bólide Caixa 22”, de Hélio Oiticica – até os dias atuais. “Cruzaremos trabalhos de diversos artistas, a partir de consonâncias e ecos, buscando uma apresentação de maneira a ocupar os espaços da galeria em diferentes ritmos, densidades, atmosferas, cores e estratégias – como dramaturgias distintas de uma mesma obra”, conta o curador, Ulisses Carrilho.
O nome “Forrobodó” vem da opereta de costumes composta por Chiquinha Gonzaga. Ocupando todos os espaços da galeria, as obras foram agrupadas por ideias, sem divisão de núcleos. No primeiro prédio, uma sala aponta para o comércio popular e a estética das ruas, em referência à Saara. Na parte da piscina há “uma alusão aos mares, que nos fazem chegar até os mercados, lugar de trânsito e troca”, explica o curador. Neste espaço está a pintura “Sem título” (2023), de Arjan Martins, que sugere um grande mar, além de obras onde as alegorias do popular podem ser festejadas.
No segundo prédio, a inspiração do curador foi Dante Alighieri, sugerindo uma ideia de inferno, purgatório e paraíso em cada um dos três andares. “O inferno é a porta para a rua, a encruzilhada, onde estarão, por exemplo, a bandeira avermelhada de Antonio Dias e a pintura de Antonio Manuel, além das formas orgânicas de Maria Nepomuceno e trabalhos de Aleta Valente sobre os motéis da Avenida Brasil”, conta.
Purgatório e paraíso
No segundo andar, há uma ideia do purgatório de Dante, com muita liberdade poética. “É um espaço em que esta paisagem torna-se não apenas o comércio popular, mas o deserto do Saara e as praias cariocas”, diz o curador.
No último andar, uma alusão não exatamente ao paraíso, mas aos céus, com obras focadas na abstração geométrica, na liberdade do sentido e na potência da forma, com trabalhos escultóricos de Ernesto Neto, Fernanda Gomes e Ana Linnemann, por exemplo. “São trabalhos que operam numa zona de sutileza, que apostam na abstração e precisam de um certo silêncio para acontecer. Atmosferas distintas, que parte deste forrobodó, deste todo, para de alguma maneira ir se acomodando”, afirma Carrilho.
Os artistas que participam da exposição são: Adriana Varejão, Agrade Camíz, Aleta Valente, Ana Linnemann, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Arjan Martins, Bob N., Botner e Pedro, Cabelo, Cildo Meireles, Claudia Hersz, Denilson Baniwa, Fernanda Gomes, Guga Ferraz, Hélio Oiticica, Neville D´Almeida, João Modé, José Bento, Lenora de Barros, Lourival Cuquinha, Luiz Zerbini, Marcela Cantuária, Marcos Chaves, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, Novíssimo Edgar, O Bastardo, Paulo Bruscky, Rafael Alonso, Rodrigo Torres, Sallisa Rosa, Vinicius Gerheim, Vivian Caccuri, entre outros.
‘Moqueca de Maridos’
Ainda como parte dos 20 anos, a galeria está com outros projetos, como a exposição “Moqueca de Maridos”, de Denilson Baniwa, de 26 de agosto a 23 de setembro, na Gentil Carioca São Paulo. Reúne uma nova série de obras do artista que trazem o imaginário de quadros clássicos e uma iconografia colonial num gesto antropofágico. Ainda na sede da galeria em São Paulo, serão apresentadas exposições dos artistas Rose Afefé, Yanaki Herrera e Newton Santanna. Além disso, A Gentil Carioca também participará da ArtRio, de 13 a 17 de setembro.
A Gentil Carioca
Fundada em 6 de setembro de 2003, a Gentil Carioca ocupa dois sobrados dos anos 1920, unidos por uma encruzilhada, na Saara, centro histórico do Rio de Janeiro. Em 2021, expandiu sua essência com um novo espaço expositivo no centro de São Paulo. Ao longo dos anos realizou diversas exposições de sucesso, entre as quais “Balé Literal” (2019), de Laura Lima, “Chão de Estrelas” (2015), de José Bento, “Parede Gentil Nº05 – Cidade Dormitório” (2007), de Guga Ferraz, e “Gentileza” (2005), de Renata Lucas.
A Gentil Carioca tem projetos que, devido ao sucesso, permanecem na programação da galeria. É o caso de Abre Alas, que acontece desde 2005, inaugurando o calendário de exposições para abrir espaço a jovens artistas. Atualmente, tem a participação de artistas do mundo todo. O projeto Parede Gentil recebe desde 2005 obras especiais na parede externa da galeria, já tendo recebido nomes como Anna Bella Geiger, Paulo Bruscky, Marcos Chaves, Lenora de Barros, Neville D’Almeida.
Já o Camisa Educação, desenvolvido desde 2005, convida artistas a criarem camisas que incorporem a palavra “educação” às suas criações. O projeto Alalaô, idealizado pelos artistas Márcio Botner, Ernesto Neto e Marcos Wagner, teve início no verão de 2010, e a cada edição um artista é convidado para realizar uma obra de arte, intervenção ou performance na praia do Arpoador, mostrando que a praia também pode ser um espaço para a cultura.
Serviço – Forrobodó
Exposição: 20 anos A Gentil Carioca – Exposição Forrobodó
Inauguração: 9 de setembro às 19h
Encerramento: 21 de outubro de 2023
Local: Rua Gonçalves Lédo, 11/17, sobrado | Centro
20060-020 | Rio de Janeiro (RJ) | Brasil
Tel: +55 21 2222 1651
De terça a sexta, das 12h às 18h
Sábado, das 12h às 16h
Entrada gratuita