O Rio não recebia tanta notícia boa desde o anúncio das obras para as Olimpíadas, apresentadas em 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o prefeito Eduardo Paes. Nesta quinta-feira 10, o prefeito olímpico, agora em seu terceiro mandato – assim como o de Lula na Presidência -, teve motivos de sobra para ficar eufórico. Em visita à cidade, Lula anunciou parcerias e investimentos para destravar o Aeroporto Internacional do Galeão, o Porto Maravilha, o BRT e a mobilidade da Zona Oeste.
Diante do governador Cláudio Castro, Lula prometeu assumir a responsabilidade do governo federal no combate ao crime e apoiar os estados nessa luta. Ele ainda escolheu o Theatro Municipal para lançar, nesta sexta-feira 11, o Novo PAC, com ënfase no saneamento. Das 2 mil obras previstas, 300 serão indicadas pelos gestores estaduais. Por isso, os 27 governadores foram convidados para o evento no Municipal.
’Lula From Zona Oeste’
Lula e Paes estiveram na implosão de início das obras de um túnel de 600 metros necessário à construção do Anel Viário de Campo Grande. A maior obra de Paes, de R$ 820 milhões, deve resolver problemas crônicos de mobilidade no maior bairro da cidade. O pacote chega a R$ 2,6 bilhões porque inclui financiamento de R$ 1,8 bilhão para a recuperação do BRT. Os recursos serão para a compra de 700 ônibus, recuperação do corredor Transoeste e construção de terminais em cinco garagens públicas nos bairros de Ramos, Curicica, Cascadura, Deodoro e Paciência.
Lula e Paes ainda tiraram onda, imitando em uma foto a pose da popstar Anitta em frente a um önibus com os dizeres “Lula From Zona Oeste” – como a cantora fez ao lançar “Girl from Rio”, de 2021, uma adaptação de “Garota de Ipanema”, a canção brasileira mais conhecida no mundo.
São Cristóvão no Porto Maravilha
“Eu voltei ao Rio não para o carnaval, não para uma festa, mas para dizer que eu retornei para ajudar o estado e a cidade do Rio. E eu vou voltar muitas vezes. O BNDES, a Caixa e o Banco do Brasil voltaram a ser bancos de investimento”, prometeu o presidente.
A Caixa e a Prefeitura assinaram acordo para a retomada de investimentos e a reestruturação do Projeto Porto Maravilha. O anúncio foi feito em visita de Lula e Paes às obras de R$ 17 milhões do novo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa Tech), na região. Obras urbanas travadas desde 2018 serão retomadas, com a inclusão do bairro de São Cristóvão no projeto e extensão do prazo de operação em mais 25 anos. “Só em empreendimento imobiliário há potencial para geração de quase 400 mil empregos no próximo período”, disse Maria Rita Serrano, presidente da Caixa Econômica.
“Tentamos negociar com o governo anterior inúmeras vezes. Não faltou reunião. E não conseguimos absolutamente nada. E na segunda semana da nova presidenta da Caixa eu fui lá, discutimos e resolvemos o imbróglio. E o que vai acontecer na prática? Nós estamos permitindo que a Caixa tenha condições de negociar os certificados que permitem fazer prédios e possamos desenvolver a região”, disse Paes.
Galeão forte, vitória do RJ
De todos os anúncios de Lula, o de maior impacto para o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro foi a portaria, assinada pelo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, que garante a migração dos voos do Santos Dumont para o Galeão a partir de janeiro de 2024. Os voos no Santos Dumont ficam restritos a perímetro de 400 quilômetros, excluindo os aeroportos internacionais de Guarulhos (SP) e Confins (Belo Horizonte). Na prática, ficam no Santos Dumont apenas a ponte aérea para Congonhas (SP) e voos para Vitória (ES).
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Esta é uma luta do governador Cláudio Castro, do prefeito Paes, de praticamente todos os representantes políticos do Rio e de todas as entidades representativas da indústria, do comércio e do turismo. O governo federal anterior, no entanto, fez vista grossa para este interesse estratégico do Rio e deixou que as empresas de aviação concentrassem ao seu bel prazer um número inédito de voos no Santos Dumont. Isso inviabilizou a gestão do Galeão e a consolidação de um centro internacional de aviação no Rio, uma forte ameaça ao turismo internacional.
Uma questão de inteligência
“O Galeão foi construído para ser o aeroporto internacional, para ser a entrada de qualquer estrangeiro que tivesse de vir para o Brasil parar aqui no Galeão”, disse o presidente. “Não precisa mais ir para São Paulo (para voar para o exterior). Vai pegar voo para os Estados Unidos aqui. Fizemos isso (a medida do Galeão) porque é necessário, para criar uma coisa de mais inteligência, ter um aeroporto mais seguro e que pode atender muito mais gente”, completou Lula.
Paes comemorou. “Junto do passageiro que quer nos visitar, vem o executivo para fechar negócios. Junto com o passageiro que quer nos visitar, o turista, vem a carga do avião que vale muito mais do que as pessoas que estão em cima. Às vezes, a dona Maria não entende que um produto que ela compra pela internet em São Paulo sai mais barato do que sai no Rio. Porque nós não temos voos do Rio”, declarou o prefeito.
Já o governador Castro anunciou uma medida para aumentar a segurança na Linha Vermelha, que dá acesso ao Galeão, à Ilha do Governador e à Baixada Fluminense. Ele planeja construir um muro com 30 centímetros de espessura margeando o trecho da Ilha do Governador ao acesso à Via Dutra, já na Baixada. O governo estadual já aumentou a circulação de PMs em rondas na Linha Vermelha.