Falta de coesão política facilita ataques ao Galeão | Diário do Porto


Aeroportos

Falta de coesão política facilita ataques ao Galeão

Galeão precisa da transferência de voos que hoje estão no Santos Dumont, mas Infraero tenta manobra do “bode na sala”, prejudicando o Rio

9 de abril de 2023

Defesa do Galeão não teve até agora manifestação conjunta do governador Cláudio Castro e do prefeito Eduardo Paes (foto: reprodução da internet)

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A falta de coesão política em torno do fortalecimento do Galeão tem facilitado os movimentos de quem não quer que o  Rio volte a ter um aeroporto internacional entre os principais do país. Nos últimos dias, foram frequentes os protestos do prefeito da capital, Eduardo Paes, e ainda de alguns secretários estaduais. Mas não houve nenhuma manifestação conjunta, que unisse também o governador, os senadores e deputados federais.

Essa ausência de posicionamento uníssono em torno de um interesse público do Estado tem facilitado ações como a manobra recente do “bode na sala” realizada pela Infraero. Enquanto publicamente ocorriam os debates para a redução dos voos do Santos Dumont, exigindo a transferência de parte de suas linhas para fortalecer o Galeão, a Infraero, na surdina, aumentou a capacidade do aeroporto do Centro do Rio para 15,3 milhões de passageiros por ano.

Diante das manifestações indignadas, mas isoladas, de Eduardo Paes, o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, reagiu dizendo que a medida será revista e o Santos Dumont não irá ultrapassar neste ano a marca de 10 milhões de passageiros, número semelhante ao do ano passado. Ou seja, o ministro vem a público dizer que houve uma concessão, enquanto na verdade o que se fez é manter tudo da forma como está, na qual o Santos Dumont continua com excesso de passageiros, com atrasos de voos, mas propiciando lucros para a Infraero, a estatal gestora dos aeroportos federais. Tirou-se o bode, para tentar restabelecer a situação inicial.

E no lugar de haver um movimento conjunto em defesa do Galeão, com a transferência imediata de voos do Santos Dumont, há até manifestações de líderes políticos estaduais que dão apoio a ideias que atrasariam esse processo. Exemplo disso é a defesa de uma nova licitação para o Galeão, que tem várias versões, todas elas com prazo mínimo de três anos, tempo que só prejudicaria ainda mais o Rio. Entre essas versões, talvez a mais estranha tenha sido a da licitação conjunta do Galeão com o aeródromo de Resende, coisa que inicialmente foi atribuída de forma errônea ao ministro Márcio França.

Galeão é vital para a economia do Estado do Rio

O fortalecimento do Galeão é uma medida necessária para recuperar o fluxo turístico direto do Rio de Janeiro e para estimular o comércio exterior que se realiza por meio  das cargas aéreas, fatores essenciais para a economia do Estado. Nos anos recentes, o movimento aéreo que antes se realizava pelo Galeão tem sido desviado para conexões em outros Estados, principalmente de São Paulo, o que vem tornando o Rio em destino secundário das empresas aéreas internacionais.

Para o Galeão sair da 16ª posição no ranking nacional dos aeroportos, sua condição atual, e voltar a ser um dos principais do país é preciso que ele tenha rotas nacionais que alimentem os voos internacionais. Isso só ocorrerá com a limitação do Santos Dumont a voos para São Paulo, Brasília, interior do Estado e para jatinhos. Segundo especialistas, tal medida significa reduzir a capacidade do Santos Dumont para cerca de 6 milhões de passageiros por ano, bem menos do que a metade dos 15,3 milhões que a Infraero tentou empurrar, com a manobra do “bode na sala”. 

Também será necessário que a Prefeitura e o Governo do Rio façam sua parte, garantindo que o acesso ao Galeão seja feito de forma rápida e segura em qualquer hora do dia. Isso não depende do Governo Federal e deveria começar já.


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