Os cerca de 500 golfinhos que passaram por praias do Rio e até pela Baía de Guanabara nos primeiros dias deste ano podem ter vindo da Baía de Ilha Grande, no sul do Estado. Essa é uma das hipóteses do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores da Uerj (Maqua), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Segundo José Lailson Brito, oceanógrafo e um dos coordenadores do Maqua, os golfinhos, da espécie boto-cinza (Sotalia guianensis), provavelmente fizeram o deslocamento em busca de alimentos.
“Nós acreditamos que sejam botos de Baía de Ilha Grande, porque somente na Baía de Ilha Grande os boto-cinza fazem grupos extremamente grandes como esses que nós vimos por aqui. A outra coisa que chamou a atenção é que o grupo tinha a presença de muitos filhotes, de jovens e filhotes, que também é bem característico desses grandes grupos da Baía de Ilha Grande”, explicou o oceanógrafo, em declarações para a Agência Brasil.
As causas do deslocamento serão investigadas pelo Maqua, que também quer verificar se parte da população dos golfinhos permaneceu no litoral da cidade do Rio ou na Baía de Guanabara, onde há uma população nativa de botos. Esse grupo da baía local, segundo estudos do Maqua, chegou a ter quase 400 animais até 50 anos atrás, mas hoje está reduzido a 30, por causa da poluição e do intenso tráfego de navios na Baía.
Golfinhos serão identificados por catálogo de fotografias
Há três décadas, não havia a presença de um um grupo tão grande de golfinhos nas praias do Rio, de acordo com José Lailson, que disse que a pesquisa do Maqua vai começar pela análise de catálogos de fotos de botos do estado do Rio de Janeiro. Um dos trabalhos do laboratório é justamente fotografar os animais marinhos, que são identificados individualmente, pois cada um tem características físicas únicas. As imagens servem para acompanhar a evolução dos botos ao longo de suas vidas.
As fotografias já existentes no catálogo vão ser comparadas com as imagens registradas na última quarta-feira nas praias da cidade e na Baía de Guanabara. “A partir daí, a gente espera explicar quem são esses animais que vieram pra cá e reunir mais informações para saber o que realmente eles estavam fazendo por aqui”.
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