Diário do Porto

3I/ATLAS é acompanhado pelo Observatório Nacional, no Rio

Cometa 3I Atlas (foto reprodução)

Para o astrônomo do Obsertório Nacional, Jorge Márcio Ferreira Carvano, a identificação do 3I/ATLAS só é possível graças ao avanço dos monitoramento do céu e às novas técnicas de análise de dados (foto: Reprodução da Internet)

O Observatório Nacional (ON), localizado em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, acompanha a trajetória do 3I/ATLAS, terceiro objeto interestelar já detectado cruzando o Sistema Solar. A maior aproximação com a Terra ocorrerá em 30 de outubro de 2025, quando ele passará a cerca de 210 milhões de quilômetros do Sol, próximo à órbita de Marte. Não há risco de colisão e, por enquanto, a previsão é de que não poderá ser visto a olho nu.

O 3I/ATLAS chama atenção por liberar níquel sem vestígios de ferro, um comportamento inédito entre cometas. Para o físico de Harvard Avi Loeb, essa assinatura química se assemelha a processos industriais de refino de níquel, levantando a hipótese de ser um objeto artificial, de uma civilização alienígena. Em seu blog, Loeb questionou: “Essa anomalia é mais uma pista para uma possível origem tecnológica do 3I/ATLAS?”

O cometa expulsa cerca de 5 gramas de níquel por segundo e 20 gramas de cianeto por segundo, taxas que aumentam à medida que se aproxima do Sol. Observações do satélite SPHEREx, da NASA, revelaram ainda que sua coluna de gás é composta por 95% de dióxido de carbono e apenas 5% de água, uma configuração incomum em comparação com os cometas típicos do Sistema Solar.

O Observatório Nacional (ON), criado em 1827 por Dom Pedro 1º, é uma das instituições científicas mais antigas do Brasil. Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o ON tem entre suas atribuições a pesquisa em astronomia e geofísica, além de ser responsável pela manutenção da Hora Legal Brasileira. A instituição também atua fortemente na divulgação científica, oferecendo ao público transmissões e observações de fenômenos astronômicos.

O 3I/ATLAS só foi detectado há dois meses 

O 3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar já registrado. O primeiro foi o 1I/ʻOumuamua, em 2017, que não apresentou atividade cometária. O segundo, o 2I/Borisov, detectado em 2019, mostrou-se rico em monóxido de carbono, revelando diferenças químicas em relação aos cometas do nosso sistema. Agora, o 3I/ATLAS reforça a ideia de que esses visitantes interestelares carregam marcas únicas de seus sistemas de origem.

Só detectado em 1º de julho de 2025 pelo telescópio ATLAS, no Chile, o 3I/ATLAS segue uma órbita hiperbólica, ou seja, não está preso gravitacionalmente ao Sol. Depois de atravessar o Sistema Solar, continuará sua viagem rumo ao espaço profundo. Os cientista ainda não têm uma medição precisa do tamanho do objeto interestelar. Estimativas apontam medições um diâmetro entre 320 metros e 5,6 km, enquanto estudos mais refinados apontam para algo abaixo de 2,8 km. Outras medições chegam a sugerir 10 a 20 km, e em alguns casos extremos até 46 km, mas esses valores provavelmente mostram o tamanho da luz refletida e não do núcleo do objeto.

De acordo com o astrônomo do Obsertório Nacional, Jorge Márcio Ferreira Carvano, a identificação desse tipo raro de objeto só é possível graças ao avanço das campanhas de monitoramento do céu e às novas técnicas de análise de dados. Ele afirma que a composição desses corpos reflete a nuvem protoestelar onde se formaram, oferecendo pistas valiosas sobre a diversidade de mundos em outras regiões da galáxia.

Como parte das atividades de divulgação científica, o Observatório Nacional promoveu, em 30 de agosto, uma edição do programa “O Céu em sua Casa: observação remota”, com transmissão ao vivo no YouTube. O público acompanhou imagens do cometa 3I/ATLAS e de outros objetos de céu profundo, além de interagir com astrônomos durante a sessão virtual.


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