Axé e referências afro-brasileiras em catálogo de moda | Diário do Porto


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Axé e referências afro-brasileiras em catálogo de moda

O catálogo “Moda de Terreiro” reúne roupas feitas pelas mulheres do Ateliê Obirim Odara. Ministro Silvio de Almeida participa do lançamento na segunda (20)

16 de março de 2023

Indumentárias sagradas e moda contemporânea (fotos: Alex Ferro)

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O catálogo Moda de Terreiro, produzido e financiado por mulheres, será lançado no dia 20 de março de 2023, às 14h, no Museu da República, no Catete. A publicação reúne fotografias das indumentárias sagradas confeccionadas pelas mulheres integrantes do Ateliê Obirim Odara, do Ilê Omolu Oxum, coordenado por Mãe Nilce de Iansã.

As vestimentas religiosas de “Moda de Terreiro” seguem a tradição oral da Bahia trazida por Iyá Davina (1880-1964), mãe de santo e avó materna de Mãe Meninazinha de Oxum (18 de agosto de 1937), matriarca do Ilê Omolu Oxum. Composto por mulheres da região – costureiras, aderecistas, engomadeira, artesã – o Ateliê Obirim Odara fica dentro da casa de axé, e surgiu dentro do programa de combate à misoginia e à violência doméstica e familiar.

Moda
No catálogo “Moda de Terreiro”, as modelos são as próprias mães, filhas e filhos de santo do terreiro

“Buscamos ampliar o nosso campo de trabalho para além do estilo tradicional e religioso, desenvolvendo também a nossa marca para criações de roupas contemporâneas com influência afro-brasileira”, diz Mãe Nilce de Iansã. “Atualmente, temos peças exclusivas femininas, masculinas e infantis, além de adereços que podem ser utilizados em qualquer ocasião social”.

Ela destaca que “a preservação da memória e suas tradições tem sido fundamental para que as comunidades tradicionais de terreiros continuem resistindo, mesmo diante de um histórico tão adverso estabelecido pela escravidão africana e posteriormente pela política de apagamento da cultura afro-brasileira, que se perpetua até os dias de hoje nas mais diferentes formas”.

 


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Coleção Nosso Sagrado

O lançamento do catálogo será prestigiado pelo  ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida,  após ele assinar um acordo de cooperação técnica com a Defensoria Pública da União e o museu – que abriga a Coleção Nosso Sagrado, formada por peças de religiões de matriz africana apreendidas pela polícia entre 1890 e 1946.

O convênio que será assinado pelo ministro Silvio de Almeida tem como um dos objetivos ampliar o material de pesquisa da Coleção Nosso Sagrado – formada por 519 objetos sagrados de religiões de matriz africana que foram apreendidos neste período (1989 a 1946) pela polícia fluminense – que está desde 2020 sob a guarda do Museu da República, em uma Gestão Compartilhada com lideranças religiosas.